'' Falar sem aspas,amar sem interrogação, sonhas com reticências,viver sem ponto final.'' Charles Chaplin

domingo, 25 de agosto de 2013

RAZÃO?


Procuro em teus olhos
Encontro o mar.
Busco em tua boca
Encontro estrelas.
Procuro em tua pele
Encontro um vulcão.
Gritei mudo
Ecoou profundo.
O mar em fúria
Refletia o brilho das estrelas
Enquanto o vulcão eclodia dentro de mim.
Deixei as lavas fluírem...
A razão?
Virou cinzas

Transformei em poesia.

Denize Maria

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

CERTOS VESTÍGIOS



 Sob o casto luar de dezembro
Removo as cinzas que cobrem brasas do passado
- faz-me tocar a lâmina do punhal de sonhos vãos.
Restam ainda vestígios da fogueira
Que o tempo impiedoso tratou de apagar.
Nem mesmo a solidão ousa alimentar a chama
... Os fragmentos de ternura refugiaram-se
Nas cinzas frias do esquecimento.
Movida por uma tênue esperança,
Mãos nervosas e desejos ardentes
Fazem-me revolver as cinzas, e cavar a saudade que suplica clemência.
Pouco a pouco a lentidão covarde aviva as lembranças
E lágrimas não hesitam em brotar mansamente...
...Torrencialmente, um temporal de lágrimas.
Cavo com insana e desmedida inquietude,
Como garimpeiro em busca de um tesouro,
Reminiscências...as razões de um coração aflito;
Ora, a razão implora para eu parar
Ora, a emoção suplica para eu continuar.
E ei-las, ali, amedrontadas, razão e emoção
Pequenas brasas quase sem vida, sufocadas
À espera do sopro suave de um vento menino
Para trazê-las de volta à vida.
Fogo tímido, fogueira, vulcão enfurecido
Rebelião de uma paixão impiedosa.
Pobre coração desfeito em dor!...

Denize Maria.


quarta-feira, 21 de agosto de 2013

PERFUME DE ESTRELAS


Amor cósmico
Extraterreno
Alma translúcida
Metáfora do luar
Corpo em brasa – sol de janeiro
Desfeita da matéria orgânica
Composta da leveza de um sopro
Enamorada da vida
Ao relento de seus olhos
Debruçada em tua alma

Sente o cheiro das estrelas.

Denize Maria

CARÍCIAS DE LUAR




Refúgio
Anseios insaciáveis
Impulsos reprimidos
Teu abraço, primavera...
Teu olhar, mar turbulento...
Olhos feiticeiros, carícias de luar...
Delírio de embriaguez sedutora.
Meus desejos, águas bravias
Que se precipitam a possuir as rochas
Na desatada sangria de se suicidarem
Contra o tempo, e de se transformarem

Em sinuosas ondas de intensa aventura.

Denize Maria

terça-feira, 20 de agosto de 2013

DES(A)PEGO


As palavras queimam-me os dedos
Na ansiedade da alforria.
Ouço-as trazendo consigo
O perfume das primaveras,
O calor dos corpos invernais,
O frescor das madrugadas de verão
E a nostalgia das tardes outonais.
Palavras... Cinzel nas mãos do poeta
Ferramenta necessária para a construção das entrelinhas,
Pois é ali nesse lapidar e esculpir versos
Que reside a verdade do poeta.
O poeta brinca com as expressões
Desenha seu mundo na poesia e nele se exila.
Cria labirintos e dutos e teias,
Dá asas aos sonhos e utopias,
 Vida aos seus medos e fantasmas,
Instiga o leitor,

Abre as cortinas... e o espetáculo principia...

Denize Maria.

domingo, 18 de agosto de 2013

LAPIDANDO ESTRELAS




Eu te descobri
    Logo ali
Estrela cadente
    Tão de repente.
Ou era tênue luar
    Em teu olhar?
Lapidei-te, pedra preciosa
    Sedutora, insidiosa.
Tão enorme é esse querer
    Faz-me renascer,
Grande também é o desejo
    De possuir teus beijos
De teus lábios a inocência furtar:
    Doce pecar.
Dei-te asas de vento
    Já faz tempo...
Enigma que só tu traduzes,
    Brisa que seduz.
Afoitos e incontidos amantes
    Coiotes errantes
Despidos de qualquer razão:
    Paranoia e solidão.
Onde se esconde a resposta?
    Justiça ou aposta?
Quem poderá me responder
    Antes de enlouquecer?
Quão insana é a dor

    De um desumano amor!...

Denize Maria.

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

ENCANTO




No reflexo flutuante da lua
Espelho-me nua, sonho e ilusão,
Vagueando nas margens do lago
À espera de teu afago sorrateiro.
Nuvens atrevidas encobrem teu rosto
Passageiro desgosto.
Vênus, companheira das madrugadas
Deusa que ama calada
Faz-se cheia de fascínio e pudor
E invade a imensidão vazia...
Lua, minha alma em elipse total
Símbolo maior de solidão.
Desejo carnal que se aguça...
Encho os olhos com o brilho que espalha
E escrevo migalhas ao meu coração.
Amar é o que eu mais preciso agora.

Amor, por favor, não demora!

Denize Maria.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

AUDÁCIA




Audaciosa saudade
Transforma-me em alucinado desejo
Incontido desejo de semear sonhos
Nas searas de meus dias
De colher estrelas nos confins
Das madrugadas insones
De vestir meu corpo somente
Com o brilho intenso de teus olhos
De perfumar-me com o aroma
De teus lábios latejantes
Desejo de saborear o toque febril
De tuas mãos em minha pele
De ultrapassar as barreiras e os tabus
E mergulhar na poesia viva
De acreditar em profecias ciganas
E acampar em teu coração
De trancar as portas, espantar os fantasmas...
E esculpir teu corpo
De singrar um oceano de fantasias
Num barquinho de papel
De andar descalça
Sobre as nuvens de nossas ilusões...

Tenho, sim, a audácia de te querer...

Denize Maria.

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

VERBO NÃO CONJUGADO




Na rua vazia a noite vagueia,
Passeia na dor do andante.
Um menino de rua
Esfarrapado de amor
Maltrapilho de sonhos
Vazio de alegrias, caminha na dor.
Repousa na pedra fria
A pureza do sono
Abandonada na névoa.
A grandeza da matéria inerte
Insiste sobreviver pelo vício.
Teu castelo, menino, um banco de praça.
Tuas posses, um punhado de nada.
Tua escola, menino, a rua!
Tua mesa, uma mão estendida.
Teu futuro? Um olhar perdido no passado.
Tristonha a madrugada fria
Recebe de bom grado a lágrima quente

Do menino que furta o seu próprio sonho.

Denize Maria.