Sob
o casto luar de dezembro
Removo
as cinzas que cobrem brasas do passado
-
faz-me tocar a lâmina do punhal de sonhos vãos.
Restam
ainda vestígios da fogueira
Que
o tempo impiedoso tratou de apagar.
Nem
mesmo a solidão ousa alimentar a chama
...
Os fragmentos de ternura refugiaram-se
Nas
cinzas frias do esquecimento.
Movida
por uma tênue esperança,
Mãos
nervosas e desejos ardentes
Fazem-me revolver as cinzas, e cavar a saudade que suplica clemência.
Pouco
a pouco a lentidão covarde aviva as lembranças
E lágrimas
não hesitam em brotar mansamente...
...Torrencialmente,
um temporal de lágrimas.
Cavo
com insana e desmedida inquietude,
Como
garimpeiro em busca de um tesouro,
Reminiscências...as razões de um coração aflito;
Ora,
a razão implora para eu parar
Ora,
a emoção suplica para eu continuar.
E
ei-las, ali, amedrontadas, razão e emoção
Pequenas
brasas quase sem vida, sufocadas
À
espera do sopro suave de um vento menino
Para
trazê-las de volta à vida.
Fogo
tímido, fogueira, vulcão enfurecido
Rebelião
de uma paixão impiedosa.
Pobre
coração desfeito em dor!...
Denize Maria.