'' Falar sem aspas,amar sem interrogação, sonhas com reticências,viver sem ponto final.'' Charles Chaplin

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

PERFUME DE POESIA


Escorre lentamente pelos lençóis
A poesia embalsamada de desejos.
A rima precisa, elaborada, do teu corpo
Mistura-se às minhas metáforas
Numa amálgama lacônica
Livre de paradigmas ou convenções.
O ritmo alternado dos versos
Produz uma poesia única e absoluta,
Enigmática,
Nas entrelinhas camuflada.
Esquece-se das rimas, estilos, modelos,
E transcende a poesia das imortais palavras.
Desconhecendo limites
Emaranha-se no seu poema corpo
Libertando-se das convenções sociais
Poesia marginal.
Desnuda-se de rótulos
Veste-se de energia
Toma carona num vento ousado
E passa a semear palavras soltas
Que se perdem entre os lençóis...
E recomeça tudo de novo.

Denize Maria.


quarta-feira, 18 de setembro de 2013

ONTEM



Chove e minhas lembranças
Carregam-me a uma rua vazia
Final de tarde de janeiro
Chovia também naquele dia.

Poças d’água, espelhos do tempo
Imagens se fundem, se misturam
Hipnótico olhar se perde inerte
Nas gotas de chuva que ali mergulham.

As recordações ganharam pernas
E a distância marcada pelo tempo
Permitiu-me ouvir as inocentes gargalhadas
Que ecoavam ao sabor do vento.

Inesperadas chuvas de verão
Marcas vivas na alma impregnadas,
Brincando sozinha- a menina da roça-
O tempo passou e o destino armou uma cilada.

Perfeitos círculos se desfazem continuamente
Numa coreografia uniforme e incansável se reproduzem.
São pingos cristalinos de água da chuva
Que ao sagrado templo das memórias, me conduzem.

O movimento intenso da rua me é alheio
Meus olhos fixam na água da chuva caindo
Mas as imagens que se difundem em minha mente

São os reflexos de uma alma em devaneio.

Denize Maria.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

DELÍRIOS



Estou perdida
Sozinha e desamparada.
Tua ausência dói a alma,
Te quero tanto.
Meu coração está despido,
Desprotegido,
Mal cuidado.
Me engano com promessas,
Com ilusões.
Quero me isolar de você,
Não quero mais te chamar,
Te querer,
Te desejar.
Mas o amor responde por mim,
E volto para seus braços...
Sempre que me chamas
Como que hipnotizada por teus olhos,
Sigo meus desejos e impulsos.
Sabes tão bem quanto eu
Que adoro me perder nessas  ilusões
Que me fazem enlouquecer...
 Entrar num transe
No qual preciso gritar
O quanto és importante para mim.
Gritar que és meu forte agrado,
Sonho encantado,
Meu mal incurável,
Anestésico amor.
...Saio de seus braços,
E volto à vida.
Meus dias não passam
Vivo momentos de aflição,
Insegurança,
Incertezas.
Mas luto somente pela certeza
De que em breve terei você,
E poderei delirar
Sem amarras nem fugas, sem apegos,
Em seus braços de semideus.

Autoria de Luciana Frozza Martins.







segunda-feira, 16 de setembro de 2013

RETALHOS DE ETERNIDADE

Ai de mim ousar
Medir a eternidade pelo relógio do tempo.
Eternidade de uma vida
Retalhada de momentos vagos, marcantes...eternos.

A eternidade do gemer das horas
Ânsia de escravos do tempo mecânico.

A eternidade do bailar das águas do córrego
Que se atrevem alcançar alcançar a cachoeira.

A eternidade de um asteroide
Único, mágico, breve.

A eternidade de um por de sol
Alegoria atravessando o infinito.

A eternidade de um beijo
A avidez e a calmaria.

A eternidade de um abraço
aconchego e calor- perfume da alma.

A eternidade de um carinho
Envolto em inocência e fascínio.

A eternidade de um sonho
Sussurro de fantasias mescladas com realidade.

A eternidade de um toque
Brinde de desejos, posse além dos sonhos.

A eternidade de um olhar
Farol que ilumina a escuridão da alma.

A eternidade de uma lágrima
Cumplicidade quente em dueto.

A eternidade de um sorriso
Estrada perigosamente mansa em madrugada enluarada.

A eternidade de um flerte
Travessura de emaranhadas teias.

A eternidade de um  "eu te amo"
No silêncio das palavras.

A eternidade de um adeus
Na imensidão do reencontro.

A eternidade do eterno
No tempo de um segundo
Ou do tempo de um século.

Denize Maria.




quarta-feira, 4 de setembro de 2013

PSEUDÔNIMO




Se o meu mundo      
Hoje acabasse
E se meu chão
Se abrisse em fendas
E se o meu corpo
Desabasse nesse abismo-ínfero
Meus sonhos de grandeza criariam asas
E sobreviveriam ao caos.
Imortais, meus sonhos alados
Vagariam pelo céu engalanado
E pelos misteriosos desertos áridos de além
E pelos oceanos infindáveis
De outras plagas cósmicas
Onde não há limites certos e nem medidas...
A infalibilidade dos sonhos que sonho
Romperia todas as barreiras da vida
Do gênese, da evolução, do ocaso
Na ânsia incontida de encontrar seu paradeiro
Incomum.
Ah, esse amor sonho que nutro
Sem culpas, mas também sem identidade
Sobrevive de quimeras, transitórias ilusões
Feitas de momentos tão ternos e eternos,
De palavras dormidas, de saudades absurdas...
Etéreos, livres de matéria, meus sonhos alados
Levar-me-iam às névoas do paraíso
Para que eu pudesse sentir o toque suave
Da brisa celeste, fresca e divina
E das plumagens de um Deus de carne e osso. 


Denize Maria.