'' Falar sem aspas,amar sem interrogação, sonhas com reticências,viver sem ponto final.'' Charles Chaplin

terça-feira, 30 de julho de 2013

ESBOÇO

        

        Colori
   Os meus caminhos e sonhos
    As distraídas fadas encantadas
    E os enigmáticos cavalos alados
    Com a cor de teus olhos em chispa.

Colori
    O mar que se deita agitado
    O frágil barquinho solitário
    E o pôr-do-sol magistral
    Com a cor de teus olhos arco-íris.

Colori
    O céu de encanto e de espanto
    A lua que antes era prateada
    E a estrela que brilha na escuridão
   Com a cor de teus olhos em fogo.

Colori
    Os girassóis de meu jardim
    E as açucenas que se miram
    No lago calmo de fim da tarde
    Com a cor de teus olhos narcisos.

Colori
    As pedras de meu anel
    As nuanças da estátua de gelo
    E as chamas ardendo na lareira
    Com a cor de teus olhos diamantes.

Colorido assim...
    O meu mundo parece agora perfeito
    Com a cor de teus olhos nanquim.

Denize Bee


BEM QUERER




Dançando a valsa da vida
Nos braços envolventes da brisa
Carregas sem vaidade no olhar
O brilho mágico do luar.
Estrelas bordadas na seda do vestido
E uma grinalda de sonhos floridos
Brilham joias raras, em meu peito
Que as roubei de teu amor perfeito.
Uma ciranda de borboletas delicadas
Como um buquê de flores perfumadas
Baila sobre o éden em luz e cor
Nas manhãs do tempo de meu amor.
Desabrocham asas da fantasia
Colorindo de aquarela a poesia...
Mal-me-quer, bem-me-quer – pequena flor

Margarida colhida nos lábios de meu amor.

Denize Maria.

terça-feira, 23 de julho de 2013

AMANHECER



O sol escorre espreguiçando-se
Sobre os telhados angulares das casas
E vai se esgueirando sorrateiro
Pelas janelas entreabertas
Carregando consigo
A poesia do dia que
Balança-se despreocupada
Nas cortinas coloridas
Que se deixam levar pela brisa.
Invadindo bisbilhoteiro
Encontra na alcova
O beijo roubado/cedido
E o dia se faz luz.
A poesia então se completou
No beijo ardente do sol

Na boca tua.


Denize Maria

segunda-feira, 22 de julho de 2013

POEMINHA



Mesmo que tua pele cole na minha
E meu perfume se misture ao teu suor
E que teus lábios toquem a brasa viva
De minha boca ensandecida...
Mesmo que meus ouvidos ouçam
o mais suave murmúrio que de tua boca fugir
Lânguidos, desenfreados, inconscientes.
Mesmo que o desejo convulsivo
Preencha todos os espaços e tempos,
E nada mais se fizer ouvir ou sentir
Quando nossos olhares se encontrarem perto-distantes
Além do brilho inigualável,
Encontrarão um pequeno abismo...


Denize Maria

sexta-feira, 19 de julho de 2013

AO ENCONTRO DAS BORBOLETAS



 Tomada por uma sensação de leveza
Em transe, e sem destino certo,
Na carona de um vento traquino
Viajo na madrugada quente...
As últimas estrelas ainda se despedem.
Borboletas multicores vêm a mim
Dançando melodias suaves de fadas encantadas.
Caprichosamente, toques de pura magia,
Brotam em mim delicadas asas de luz...
Eu, uma borboleta?! Tudo como num sonho.
Ah, se eu fosse uma borboleta liberta!...
O meu único e árduo ofício
Seria o de beijar as flores, roubar-lhes o perfume...
E encantar os poetas distraídos.
O farfalhar suave de minhas asas
Far-se-ia um leque para abanar para bem longe
As dúvidas, as incertezas, e as lágrimas.
O meu colorido alegre – minha túnica
Formaria um arco-íris irrequieto
Sobre as jardineiras suspensas nas janelas.
Ah, se minha delicadeza poética
Pudesse inspirar todas as almas inquietas
Para que se entreguem ao amor sem barreiras
Para que se permitam a felicidade...
Se a minha liberdade estética
Despertasse nas pessoas o desejo de voar,
Libertando-as do peso da posse que as prende ao chão,
Descobririam asas camufladas emplumadas de sonhos.
Ah, se eu fosse uma borboleta viageira
E pudesse sobrevoar os amplos lagos verdes...
Vaidosamente espelhar-me-ia em suas águas
Enamorar-me-ia das flores para tocá-las com carinho
Desafiaria os ventos, daria asas à ventura de viver.
Se eu fosse uma borboleta... Almejaria ser quem eu sou,
Mesmo que fosse impossível a metamorfose física.

Minha alma é uma borboleta; minhas asas, a poesia.


Denize Maria.

ANJO




Um anjo de asas reluzentes
Vem na calada da noite
Cortejar meus sonhos
(mosaicos inacabados);
Rompe o sereno obsceno
Que finge dormir comigo
Submisso às trevas efêmeras. 
Um anjo do bem e do mal
Com sua ânfora de bálsamo
Vem pousar em meu corpo inerte
Vem regar-me com fragrâncias de rosas;
Perfuma-me as mãos de brisa
No afã de espalhar aromas infindos
Pelas madrugadas do tempo.

Um anjo em sua cantiga suave
Vem trazer-me esmeraldas
Para ornar altares de oferendas
Vem dissipar noites horrendas
Com olhares lampejos de bravura.

Um anjo amigo se deita comigo
E preenche meus espaços vazios
Com gestos e palavras vibrantes
Faz-me prenha de novos horizontes

Para dar a luz aos sonhos de amor.


Denize Maria.

terça-feira, 16 de julho de 2013

CHEIRO DE ESTRELAS


Amor cósmico
Extraterreno
Alma translúcida
Metáfora do luar
Corpo em brasa – sol de janeiro
Desfeita da matéria orgânica
Composta da leveza de um sopro
Enamorada da vida
Ao relento de seus olhos
Debruçada em tua alma

Sente o cheiro das estrelas.

Denize Maria.

JANELAS



Flores faceiras
Dançavam em minha frente
Embaladas pelo vento das recordações.
Num ímpeto quase impensado
Infantil e desprovido de razão
Curvei-me para sentir de perto
O perfume e o toque suave das pétalas.
Meus sentidos aguçados sentiram
Odor de perfume industrializado...
As flores brotavam do tecido macio dos lençóis
E da imaginação fecunda dos meus devaneios.
Insisti em sentir o perfume

Do jardim de minha nona.

Denize Maria


segunda-feira, 15 de julho de 2013

DES(A)PEGO

Pensamentos fugazes me elevam
Me transportam,  conduzem, alienam
Ao paraíso que minha poesia criou
Onde meus desejos se confundem com os teus.

Busco a luz que de teus olhos emana
Perpetuo nos silêncios  os gritos da alma
Me embriago com o prazer que provém dos corpos
E me deixo conduzir ao sabor de tuas mãos.

Rompem-se barreiras  obscuras, intransponíveis
Transcendem os desejos aprisionados
Os limites se confundem, desintegram-se
Já não se sabe onde os sonhos findam
E onde a realidade principia.

Sôfregos impulsos açoitam febris
Corpos entregues à luxuria do prazer
Corrompem os céus na urgência do momento
E guardam consigo os mistérios desvendados.

Consomem-se os dias em ais de saudades
No afã de reencontrar o tempo perdido
Brincam os astros em conluio

Enquanto aguardam e guardam segredos .

Denize Maria

quarta-feira, 10 de julho de 2013

PSEUDÔNIMO




         Se o meu mundo
     Hoje acabasse
E se meu chão
     Se abrisse em fendas
E se o meu corpo
     Desabasse nesse abismo-ínfero
Meus sonhos de grandeza criariam asas
     E sobreviveriam ao caos.
Imortais, meus sonhos alados
Vagariam pelo céu engalanado
E pelos misteriosos desertos áridos de além
     E pelos oceanos infindáveis
     De outras plagas cósmicas
Onde não há limites certos e nem medidas...
A infalibilidade dos sonhos que sonho
Romperia todas as barreiras da vida
Do gênese, da evolução, do ocaso
Na ânsia incontida de encontrar seu paradeiro
Incomum.
Ah, esse amor sonho que nutro
Sem culpas, mas também sem identidade
Sobrevive de quimeras, transitórias ilusões
Feitas de momentos tão ternos e eternos
De palavras dormidas, de saudades absurdas!
Etéreos, livres de matéria, meus sonhos alados
Levar-me-iam às névoas do paraíso
Para que eu pudesse sentir o toque suave
Da brisa celeste, fresca e divina
E das plumagens de um Deus de carne e osso. 


Denize Maria.

terça-feira, 9 de julho de 2013

ASAS DE SOL




Doce engano que a esperança traz.
Tua imagem na penumbra
- uma valsa suave de minhas loucuras.
Entre a espessa neblina
A brisa acaricia meus anseios de pedra,
E a noite criva-se de estrelas ocultas
E destinos incertos...
A cada desejo, um açoite!
Meus versos, doces favos de mel,
Fazem-se lua cheia em meu coração
- Magia- espelho de teus olhos.
Ouço em ti
A noite sussurrando versos
Para suavizar-me a alma nua
Ofertando-me taças cheias de ilusões.

Se souberes o aroma das flores quando amam...

Denize Maria.

domingo, 7 de julho de 2013

TEMPO




Dá-me um minuto de teu sorriso
Para nele mergulhar
Até as profundezas do desconhecido...
Aventureiro esse teu sorriso maroto
Que alivia as mesmices do cotidiano.

Dá-me um minuto de teus lábios
Para poder saciar os meus;
Poder parar o tempo no momento
Em que meus lábios tocam os teus
E deixam cair argumentos mascarados.

Dá-me um minuto de teu olhar
- Cachoeira de luz -
Que banha a escuridão
Espalhando ondas de delírio
Sobre meu corpo em latência secreta.

Dá-me por um minuto tuas mãos
E as farei conhecer novos caminhos
Para se unirem às minhas...
Correr pelas searas, rasgando os trigais
Que se deitam ao sabor do vento.

Dá-me um minuto de teus sonhos...
Que então te levarei comigo
A vagar pelos campos da fantasia,
Mostrar-te-ei como é suave
O galopar dos cavalos alados.

Dá-me um minuto
De tua vida, de tua alma,
Então eu, com a magia do amor,
Transformarei o efêmero em eterno.

Denize Maria.


ADEUS




Na solidão, mendigo de ocasião
Vaga esse amor, que não é meu, ao relento...
Amam os boêmios as madrugadas
E entregam-se a soturnas serenatas
E ao mórbido comércio de corpos;
Sensual brisa envaidece-lhes o ego...
Mas ela também se esvai como num voo.
É sábio dizer... Quem nunca se fez só
E triste em sua vida de escuridão?
Nem mesmo a lua faz clarão nessa noite.
Às vezes, é preciso andar a esmo, sem luz
Para se encontrar a razão de amar e viver...

Vai, amor vagabundo, toma tuas asas! Adeus!

Denize Maria.

sexta-feira, 5 de julho de 2013

GUIA



         ... Os olhos...
Belos
Fascinantes
Sentimentais
E tristes.
... Os olhos...
Alegres
Indiferentes
Enigmáticos
Rompem as profundezas.
... Os olhos...
Azuis
Verdes
Castanhos
Pretos
Amendoados, medonhos.
... Os olhos...
Teus olhos nos
Meus olhos...

Doce sedução.

Denize Maria.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

ALMA DOS VENTOS





Se eu
Tivesse esperado o sol acordar,
Não teria sentido o perfume da flor
Na madrugada orvalhada.
Não teria cavalgado sem rumo
Pelos vales e descampados.
Não teria me encantado com a cachoeira
Dançando entre as brumas.
Não teria singrado oceanos
E observado o quebrar das ondas na praia.
Não teria conhecido a alma dos ventos
A emaranhar meus pensamentos.
Não teria me perdido na primavera
E andado por caminhos de pétalas.
Não teria me espelhado no lago sonolento
Nem deitado na relva sob os plátanos chorosos.
Não teria me transformado em felina
Deslizando sutil por muros enluarados.
Não teria me embriagado com as cores
Que tece de luz o amanhecer.

Quando o sol despertar, estarei te amando.

Denize Maria.

terça-feira, 2 de julho de 2013

SENSUAL





Sensual
É derramar sobre os lençóis
Pétalas perfumadas
Colhidas na madrugada
Ainda borrifadas de orvalho.

Sensual
É andar por extensas avenidas
Iluminadas pelo teu olhar
Holofote para noites sem luar
Noites dominadas pelas trevas.

Sensual
É amanhecer sobre as dunas
Do teu corpo em frenesi
E buscar a liberdade com ânsia
E poder sentir a brisa te devassar.

Sensual
É beber do mel que escorre dos teus lábios
Sabor indescritível de sedução
Aroma não encontrado nos mais finos frascos
Unguento para qualquer mal e dor.

Sensual
É o flerte ousado na multidão
É o ir ao encontro de olhares ávidos
Na insistente busca de encontrar o teu
E saciar todas as dúvidas e desejos.

Sensual
É sentir a água morna escorrer pelo corpo
E poder brincar inocentemente de amor
E entregar-se a mil sensações atrevidas
Como se te possuíssem por alguns instantes.

Sensual
É o mistério que envolve o teu sorriso
Feito onda que foge apressada da areia
Ou talvez o enigma de uma teia
De causa-efeito sempre arrasador.

Sensual
É tua voz rouca, às vezes embargada
Que me diz lisonjas com palavras impolutas
Que ecoam suaves e profundas nas grutas

Ocultas de meus pensamentos atrevidos.

Denize Maria.

segunda-feira, 1 de julho de 2013

FÁBULA




Vida moleca que não cresce
E corre descalça
Caminhos de pedras e espinhos.
Bebe da água que verte das dunas
Abraça a paixão dos vendavais
E abre os braços para o abrigo
De loucuras e fugidias venturas.
Adormecida no carinho da brisa
Passageira vida viva passeia
Pelo teu olhar vergel desabrochando...
Folhas e flores de ilusões vernais
Acariciam meu corpo e me entorpecem.
Giram os astros a vida
Num emaranhado de sentimentos
Num romper de grades austeras
Numa explosão meteórica de amor
Espalhando destroços, e auroras;
Despertam o encanto zodiacal
Na demência dos medos
(verdadeiros oceanos abismos)
Por onde singram desejos
Que partiram sem destino
(na certeza, a insensatez os naufragou).
Na ânsia do fim medonho
Ecoa um grito uníssono de desespero
E porquês buscam respostas
Numa histeria sem limites.
Nossa insanidade está disfarçada
Entre flores e poemas
No abandono de regras e normas
No confuso delírio de viver
De altas apostas nesse jogo sedutor
Brasa que arde, veneno que vicia.
No tempo curto de um flash, a vida
A eternidade registrada como alma nômade
Vestida de magia, adereço de felicidade.
Vida, poção que encanta e intriga!
Entre carrosséis e algodão doce
Numa roda gigante faz-de-conta
Ria de mim um palhaço macabro.
Quem mandou a moleca acreditar?
O destino me contou uma fábula:
Lírios não brotam no deserto.


Denize Maria.