Sonhei
que tinha um amor vagabundo
Desses
que vivem de vento pelos becos do mundo...
Andava
sem rumo, sem ter conluio com o tempo.
Abandonei
então a rotina cotidiana para viver esse momento:
Podia
andar descalça na areia e deixar meu rasto
Sob
o luar prateado, para brindar esse amor ainda casto.
Podia
andar sem perigo na contramão do mundo
Para
viver um pouco mais esse louco amor vagabundo.
Quebrei
todas as regras, e fui chamada de imprudente
Por
viver um amor vadio descompromissadamente.
Amor de dançar noites,
madrugadas, e dormir distraída
Sob
as estrelas cadentes fazer amor
E
esperar o dia amanhecer com seu sorriso quente.
Brincar
na chuva, farrear, bêbada, no lodo...
Louca!
Certamente seria chamada louca,
Mas
a plenitude desse amor jamais poderá ser explicada.
Tenho
um amor vagabundo, insano, clandestino
Uma
porção homem, outra porção menino,
Uma
dose de sedução, outra dose de ingenuidade...
Fusão
que confunde, deixa marcas e saudade.
Um
amor tão doido que me faz gostar do frio
E
que em pleno verão me causa arrepios.
Que
me julguem somente os amantes que amam loucamente!
Interrogação
nenhuma apaga o esplendor desse amor louco
E
pecador, desse amor vagabundo que desfila fantasias
Repleto
de sonho-realidade, emoções fortes, felicidade.
Tão
intenso e ao mesmo tempo irreal, mas verdadeiro;
Amor
que faz perder a razão, tocar os extremos ao tê-lo por inteiro.
Que
nos faz colher estrelas, dizer poemas, perfumar as flores,
E
provar na pele um misto de desejos e sensuais sabores.
Sou
feliz, por furtar da realidade, insanos momentos de felicidade,
Fantasiar
um amor vagabundo que sopra aos quatro ventos.
Não
me deixou nada muito durável,
nem fotografias nem presentes...
Somente
a saudade e o halo de um sentimento bom e infindo.
Com o brilho dos olhos, pedras raras, inundou-me de desejos
E
com os lábios, pétalas vermelhas, presenteou-me de mil beijos.
Cantou
em plangente seresta, velhos e conhecidos refrãos,
Fez
graça das desgraças da vida, encheu de luz meu coração:
Um
amor vagabundo colorido como uma linda aquarela
Nuances
suaves, tons e semitons que a imaginação pincela.
É
próprio desse amor sem paradeiro subverter com férreo apego
E
se impor – doce instinto traiçoeiro – devasso e sem pudor.
A
tela de um sonho caro invade a nave de um templo sagrado
E
desenha um rosto terno e perene, as feições desse semblante imaculado.
A
noite se desfaz deixando-me a certeza e o fascínio de ter vivido
Um
amor vagabundo, puro e louco, real e sem domínio, um amor,
Que
foge aos padrões normais, um amor sonho que me faz feliz
Que
sinto arder como fogo sem fim, amor que não esquecerei jamais.
Denize Maria