'' Falar sem aspas,amar sem interrogação, sonhas com reticências,viver sem ponto final.'' Charles Chaplin

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

VÉSPERA DE NATAL E AS AMEIXAS VERMELHAS



Não sou muito de me atrever a escrever crônicas, mas hoje o dia é especial e merece um pouquinho do meu esforço.
Toda véspera de Natal algumas imagens ressurgem na minha cabeça e a nostalgia toma conta. São cenas que marcaram minha pobre infância, mas que foram essenciais para a construção do meu caráter e educação.
Eram meados dos anos 70, eu tinha em torno de 5 anos e morava numa comunidade do interior do município de Ibian, SC (que naquela época ainda nem município era, pertencia à Tangará). Nossa humilde casinha era desprovida de muitas coisas materiais, mas nas recordações que tenho ficaram as coisas que nenhum dinheiro compra.  Relembro do vendaval que quase levou nossa casa pelos ares  em plena madrugada; do dia que meu irmão quase decepou um dedo da mão esquerda moendo milho na máquina; das idas à igreja, do riozinho que passava nos fundos da propriedade, dentre tantas. Mas tem uma lembrança que marcou e ainda recordo sentindo o gosto das ameixas vermelhas tão fartas nessa época do ano.
Naqueles tempos eu nem sabia da existência do Papai Noel. Nosso único meio de comunicação era um rádio à pilhas enorme que tinha um lugar de destaque num canto da cozinha sob uma travessa construída especialmente para ele. Acreditávamos naquilo que os pais e avós nos contavam e isso era tudo o que precisávamos saber. Neste dia, véspera de Natal, esperávamos a vinda do Menino Jesus, ou Bambim como diziam.  Presentes eram tão raros e de valor pequeno, mas isso era tudo o que tínhamos e não sei se fazia falta ter ou não dinheiro. Aquilo que ganhávamos era o maior presente do mundo e nos tornava importantes. Geralmente ganhávamos roupas, pequenos brinquedos, algum mino.  Mas na véspera era muito importante deixar debaixo do pinheirinho decorado com algumas bolas coloridas e pequenos pedaços de algodão, alguma coisa para agradar o Menino Jesus dar de comer para o burrinho que carregava Maria com o Menino.
Naquela simplicidade toda, deixávamos capim, milho e água para o burrinho; bolachas que a mãe fazia especialmente para o Natal (essa era nossa guloseima extra) e ameixas para a família do Menino Jesus. Ah, as ameixas! Tinha um pé enorme que acredito  nunca ter sido podado e estendia seus galhos em grande copa. Carregava de ameixas vermelhas e doces. Saborosas como qualquer fruta que vem assim sem veneno algum, sem cuidados. Naqueles tempos ainda se produziam frutas sem agrotóxicos e com sabor de fruta. Íamos eu, minha mãe e meu irmão buscar dessas frutas para colocar debaixo da árvore de Natal. Enchíamos uma cesta de vime e voltávamos para casa faceiros pela simples ideia de alimentar alguém muito especial.
Hoje ao acordar, a primeira coisa que me veio à lembrança foi a cena de colher as ameixas vermelhas. Pode ser que para você leitor, isso seja só uma leitura, mas para mim é algo que marcou minha infância. Hoje posso comprar ameixas vermelhas, mas elas nunca terão o mesmo sabor daquelas que eu colhia para ofertar ao Menino Jesus.


Tenham todos um FELIZ NATAL!

Denize Maria

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

POESIA AO AMANHECER


Como é lindo o amanhecer!
Tons rosados envolvem as montanhas ao longe
Numa carícia tímida
Enquanto ganha vida  em toda extensão do céu .
Nuvens distraídas brincam com o vento que parece varrê-las...
Rompe a aurora faceira
Murmura o riacho um bom dia sonolento
Rãs e sapos ainda fazem algazarra na lagoa
Aves faceiras despertam em voos malabares
E cantos orquestrais.
Logo o sol desperta e acalora o dia
Mas enquanto ele ainda dorme
Me entrego à tarefa de sentir a brisa entrando pela janela
E ao sonoro bom dia dos passarinhos
A grande tela me encanta os olhos
Com o descortinar peculiar de um novo dia.


Denize Maria.

domingo, 15 de dezembro de 2013

DIVAGANDO



A noite abre suas negras asas
E faz surgir por entre as plumagens
Luzes cintilantes sob a imaginação
Povoando fértil e insano querer do poeta
Revelando os mais ocultos segredos
Guardados nas recônditas entranhas da alma
Perdidos na imensidão de suas asas.
Penetrando na profundidade da noite
Minha doce e suave melodia em forma de versos
Vai ganhando os ares, transpondo barreiras,
Despertando sensações de embriaguez e  nostalgia.
Vai chegando de mansinho  explorando teus sonhos
Enquanto a noite  lá fora se faz mistério.
Fico a brincar com teu corpo entorpecido pelo sono
Fazendo a pele queimar em desejos
Aflorando cobiças profanas
Sentir tua respiração descompassar
E o coração acelerar inconsciente.
Recolho minhas asas
E deixo você a sonhar
E acordar com a sensação do meu perfume no ar.


Denize Maria

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

PITANGAS DOCES



Quero hoje colher pitangas doces
Que brotam de tua rósea boca,
Saborear sem pressa a macies dos lábios teus
E me entorpecer até ficar deveras louca.

Deixar-me levar pela intensidade do momento
Esquecer-se de qualquer virtude ou pudor,
Permitir-me ser conduzida ao éden
E das pitangas doces provar o sabor.

Só por hoje, ceda aos meus encantos.
Comporte-se como um travesso menino
Venha livre, sem amarras, nem promessas.

Siga os apelos, ouça o meu canto
Que ecoa nos versos pequeninos
E pedem para que se colham pitangas depressa.

Denize Maria.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

POR DETRÁS DO TEU OLHAR


Tinha um por de sol escondido por detrás de teu olhar
Que eu colori com rubra cor
De fagulhas que teimavam em lançar-se de meu corpo.
Perdi-me em curvas e desfiladeiros,
Desafiei meus domínios,
Cumpri a saga solene da sedução audaz.
Embebi-me do doce licor da fonte de tua boca,
Retive no mais profundo âmago
As sensações e as lembranças profanas
Como que guarda a um tesouro
Sem razões ou sentidos...
Percorri todos os teus pecados
Sobrevivi.


Denize Maria.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

AMOR IMUTÁVEL

Somos seres em transformação,
Mutação,
Crescimento,
Desenvolvimento...
Somos seres em constante busca
De felicidade,
De amizades,
De paz,
De reconhecimento,
De sucesso...
Criamos elos,
Associamos ideias,
Lutamos pelo que amamos,
Teimamos pelo que acreditamos.
Não buscamos a perfeição,
Apenas amamos com emoção pura e verdadeira.
Caímos, nos ferimos, sofremos...
Mas emana de dentro de nós,
Uma força tão grande
Que nos revitaliza,
Encoraja-nos  de forma contagiante,
Nos revigora,
Nos faz esquecer as desventuras,
Nos faz enxergar adiante, sem mesuras,
Chamamos isso de sonhos, e os compartilhamos
Como quem compartilha o pão...
Afinal, somos guerreiros!
Nossos braços abraçam,
Acolhem,
Fortalecem,
Somam forças...
O grupo foi devagar aumentando de tamanho,
Chegaram novos componentes,
Fomos ganhando novos adeptos,
Expandimos os ramos...
Juntos formamos uma galera do barulho:
Sabemos fazer festa,
Dizer palavrão,
Torcer pro timão,
Colorado,
Santos,
...
Sabemos até fazer mudanças:
Mudança de casa,
Mudança de estilo,
De marca de carro,
De cerveja...

Sentimos saudades uns dos outros,
E não temos vergonha de nos abraçar
Com efusão dos sentimentos,
Com entusiamo,
Com emoção,
Com ternura...
...e abafar a dor da distância...
Nos abraçamos
Como quem abraça a um tesouro.

Somos todos aprendizes
Na tarefa de juntar nossas felicidades,
somando as diferenças,
Dividindo as experiências,
Multiplicando as alegrias
E diminuindo as tristezas.

E por mais insana que possa parecer
É dessa mistura de gentes e sonhos
Que formamos um grupo social
Denominado família!

Denize Maria.



quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

MEU PECADO

Ah! Como eu desejo
Mergulhar nos mistérios desse teu coração,
Ser a aurora rompendo a noite de tua vida
E te mostrar um doce tempo de amar...
Te fazer uma canção
Roubar teu coração
Provar de teus beijos
Possuir teus sonhos
Implorar por teu colo
Aconchegar-me em teu corpo...
Como o sussurro da noite,
Tocar de leve teus sentimentos
Como a neblina envolve
Delicadamente a madrugada.
Quero envolver e invadir tua vida,
Despertar em teu inverno interior,
Jovens tardes primaveris
Cheias de encanto
E de mansas canções.

Ser em tua vida, verão
Um sol escaldante em dias coloridos,
E assim permanecer em você,
Aquecendo teus sonhos mais fortuitos,
Iluminando  tuas entranhas mais profundas.

Te amar, te perpetuar
Te guardar numa redoma de rosas perfumadas e jasmins...

Meu pecado é te querer assim,
Até me esquecer de mim.

Denize Maria



segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

ABSTRATO




I PARTE

São tantas palavras loucas
Que vertem de minha boca
Verdadeiras, eu as sinto assim
Parecem não ter fim...
É certo que doem... dói saber
Que quase sempre me fazem sofrer.
Mas onde a culpa, se não as minto
Ao revelar meus sentimentos?


II PARTE

Ao despertar da lua
Rabisco em versos, esperanças nuas
Que em minhas faces fazem-se existir
- Lábios que sonho em possuir -
Arde a pele, anula a consciência...
Eu, te esperarei, tenho paciência!
Traga-me rosas rubras e perfumadas
Para vestir-me com pétalas aveludadas.
Ah, esse insano querer, essa doce loucura!...
Fantasias que mais se parecem com tortura.


III PARTE

Sei, tem um beijo guardado para mim
Que eu o desejo com grandeza sem fim.
Têm mãos afoitas e determinadas...
Como brasas vivas percorrem tua pele enluarada.
Tem um vulcão adormecido em algum lugar
Esperando uma única fagulha para estourar...
Abstrato amor, lavas de desejo, paixão...
Uma poção de mim sem lógica ou razão.

Denize Maria.

domingo, 1 de dezembro de 2013

DOCES AMORAS



Doces amoras de negra cor
Ofertam-se às pencas gratuitamente
Para serem saboreadas com prazer.
Orvalhadas , logo de manhãzinha
O sol vem coroá-las
Enfeitando-as com cristais multicores
Pequenos  vitrais espelhados.

Amoras maduras exibem-se ao sol
Na ânsia de serem apreciadas
Degustadas por lábios quentes
Que feito carícia de um beijo
Sorvem  do seu néctar, o doce
Que se espalha pela boca
Desencadeando sensações de prazer.

Sinto o gosto de infância
Nas rubras amoras que colho
Ao amanhecer.
Sinto o gosto de tua boca
No néctar doce que sorvo
Das rubras frutas frescas
Que colho ao amanhecer
De dezembro.



Denize Maria

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

AS FLORES DO MEU JARDIM




As flores do meu jardim
Falavam-me de paz
E da triste missão de perfumar
Funerais das vítimas de guerras.

Falavam-me de amor
Doação íntegra, sem paradigmas
E de sua frágil concepção.

Falavam-me de serenidade
No olhar contemplativo de seres passantes
Que buscam alívio para os seus dissabores.

Falavam-me de perdão
De inocência e solidariedade
Que desencadeiam contagiante ternura.

Falavam-me de saudade
De lembranças, de gestos de amizade
Impregnados no perfume e nos matizes.

Falavam-me de alegria
Da serena sensação de bem-estar
Que amaina o tédio dos céticos.

Falavam-me de simplicidade
Da exuberância das virtudes
Da quietude, da retidão, do encantamento.

Falavam-me de beleza
Íntegra, insubmissa e sem vaidades
De detalhes, de dotes sem máscaras.

Falavam-me de entrega
De cumplicidade com a chuva e os ventos
Que propagam aromas e sementes.

Falavam-me de humildade
De renúncia em silenciosa colheita
Para servirem de oferenda.

As flores do meu jardim
Falam-me de ósculos, de paixão
De prazer, de gozo, de libertação.

As flores do meu jardim
Roubam de meus olhos a contemplação
Da alma minha poesia.

Denize Maria.


quarta-feira, 27 de novembro de 2013

A CHUVA



A chuva nos encontrou despidos de qualquer razão
Brincou escorregar pelos cabelos
E percorreu sem pudores pelo dorso moreno
Contornando as curvas, colando a roupa, atiçando os desejos.
Já sem qualquer vestígio de sobriedade
Deixamos nossas peles se tocarem como carícia
Nossos corações ditarem o ritmo sem pressa,
Nossos olhares, o difuso, o complexo, o belo querer.
E a chuva continuou sua canção demente,
Enquanto o mais profundo anseio buscava porquês
Se os pés ainda pisavam a areia, mas o corpo havia ganhado asas...
As mãos ganharam vida, os lábios tocaram outros lábios sem reservas
Quentes, febris, afoitos...
À beira mar nossas fantasias tornaram-se palpáveis
Juntamos a poesia e o prazer num roçar de peles e mentes...

...o mar ainda trouxe uma onda leve para tocar nossos pés.


Denize Maria.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

SONHO FURTADO



Vestido rodado
De renda bordado
Abre-se em cirandas
Sobre o assoalho da varanda,
Mal cabe em si a menina
O torpor da emoção a domina.
Tempo de romper as barreiras do tempo
E deixar a infância ao sabor do vento.
Libertar os mais secretos anseios
Permitir que a música  lhe conduza aos devaneios,
E sirva-lhe de voo para um mundo imaginário
Muito além do visionário.
Ao sabor do novo, então, que os olhos se curvem
E vislumbrem horizontes infinitos que surgem,
Como promessa de  longa e vasta avenida
Enquanto o corpo se embriaga de vida.
A manhã morna já se tornou passado
Guardado em quadro recém-pintado.
O sol a pino já se derrama promissor
É a juventude chegando com todo fulgor,
E expande-se, alarga-se, debruça-se sobre  a letargia
E a vida brota faceira em novas melodias.

O vestido rodado traz ainda lembranças
De um sonho que lhe foi roubado,
Pensou ter encontrado seu grande amor
Restaram-lhe apenas sombras que encobrem sua dor.



Denize Maria

domingo, 24 de novembro de 2013

A LÁPIDE DE UM GUERREIRO



Hoje estou velho.
Vivo nas ruínas de um castelo
Que um dia, já fora belo,
E então notei  que o tempo não livra ninguém.
Me vejo entre as paredes de pedra da velha fortaleza
Agora pretas,
Marcadas por inúmeros incêndios
Causados pelos vários inimigos que por aqui passaram.
A paliçada está em pedaços, abandonada,
Mas em seu tempo de gloria
Abrigara mais de mil homens fortemente armados.
O salão de festa, que já recebera pessoas de todos os cantos,
Jaze vazio, apodrecendo, esquecido.
Sem receber visitantes há um longo tempo.

Já participei de inúmeras batalhas
E estive presente em algumas invasões
Saqueado, pilhando e matando.
Lutei com pessoas das mesmas terras minhas
E com homens vindo além-mar.
Aço em pele, sangue no rosto,
Espadas brandidas, lanças atiradas,
Flechas zunindo, machados cortando,
Escudos apostos, erguidos em defesa,
Salvando a mísera vida e aparando golpes.

É na parede de escudo, o lugar onde o terror toma conta,
Que se fica cara a cara com seu inimigo,
Sente seu bafo de cerveja e escuta insultos.
Vê homens com ódio e medo em seus olhos,
Pois eles sabem, tanto um como outro,
Que não podem fugir do destino.
Pagãos rezam e tocam seus amuletos
Cristãos se confessam e fazem suas orações
E então, começa a canção das espadas.
O júbilo de uma batalha,
O cheiro de uma carnificina.
O ferro que mata, degola e fere,
Guiados por homens corajosos,
E que deixaram para trás, crianças, casas e mulheres,
Para ir à luta e ganhar sua honra...

Mas hoje, tenho mais do que oitenta  invernos
E minhas cicatrizes persistem na dor
Ainda posso sentir o frio da lâmina cortando minha pele.
Ultimamente me sinto um velho solitário, abandonado,
Que contrata bardos para entoar meus feitos.
Já fui um grande homem, um senhor da guerra
Liderei milhares de guerreiros,
Participei de inúmeras campanhas,
Matei vários homens e vi meus amigos caírem no chão.

Porém, ainda lembro-me do rosto de minha amada
Seus cabelos longos e negros, como uma noite sem lua,
Sua pele branca e fina como a pétala da rosa virgem...
Possuía o brilho das estrelas em seus verdes olhos
E um riso doce... Que já me pertenceu...
Choro de dor, por essa perda irreparável
Que os deuses  não conseguiram  impedir.
À noite, quando um ar gélido entra pela janela,
Percebo meus frágeis ossos doerem,
E me deparo com a minha vida esgotada

Esperando a minha hora de ir.


Gabriele Bee

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

SENTENÇA



Vontade de:
Beijar na boca
Rir feito louca
Falar até ficar rouca.

Saudade de:
Banho de cachoeira
Perfume da roseira
Ficar de bobeira.

Lembranças :
Da escolinha do interior
Do meu primeiro amor
Das frutas silvestres, o sabor.

Desejo de:
Realizar meus sonhos
Fugir dos padrões enfadonhos
Correr mais riscos medonhos

Gostar de:
Chuva no telhado
Recordar o passado
Sorvete bem gelado.

Perder-se:
Na leitura de um livro ganhado
No banheiro, cantar desafinado
Ou ouvir a noite de madrugada.

Apreciar:
O nascer do sol no horizonte
Observar os vales do alto dos montes
O rio escapando por debaixo da ponte.

Fugir:
Do medo dos desafios
Da preguiça que dá o frio
De quem perturba meus brios.

Querer:
Sentir teu cheiro novamente
Teu abraço terno e quente
Teu olhar com inocência demente.

Partir:
Para longe sem destino
Com a pureza de um menino
Mas com alma de peregrino.

Levar:
Na bagagem a ousadia
Nos pés a energia
E na alma a alegria.

Escrever:
Nos murros alheios uma poesia
Com versos livres das teorias
Mas com emoção em demasia

Viver:
Dançando com o vento
Sendo dona do seu pensamento
Amar sem nenhum julgamento.

Denize Maria.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

POESIA POR UMA NOITE

Cai a noite serena e calma
Banhada pelo luar,
É o momento de redescobrir o amor,
De fantasiar, de seduzir.
Do manto estrelado faço meu teto
Da lua prateada, o abajur
Da cachoeira, minha orquestra.
Na relva orvalhada estendo a cama
E com teu corpo nu, faço amor.
Coração agitado, pele incendiada
Brasa incandescente de sedução.
Lábios ávidos, quentes
Corpos suados, salgados
Dançando vaidosamente
Embebecidos de prazer.
instinto irracional de desejo
Inebriante sensação
Envolvente, sensual
Brota instintivamente de corpos bem torneados
Sedentos de amor.
Misterioso, amante aventureiro
Idealizador de meus sonhos
Personagem de minhas fantasias,
Oásis de perdição..
Puro prazer!
...e o amor se faz outra vez,
Sem pressas, sem palavras,
Num processo de encantamento
Harmonioso em seus movimentos
Provocante por suas sensações.
Corpos se fundem, se confundem
Num delírio explosivo.
Puro êxtase!
A aurora se rompe da madrugada
o céu se enche de luz
os lábios se tocam com carícia
Acendem novamente o fogo da paixão.


Denize Maria.

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

NÉCTAR




Quando ainda a madrugada envolta em névoa fria
Fazia-se poema, rendida aos carinhos da lua,
Por atalhos sedutores
Atraída pelo ímã de teus olhos corruptores
Ousei perverter-me em nosso paraíso.
Alforriei todos os meus medos
Afloraram-se todos os meus desejos,
E descobri que há mel em teus lábios
- favos virgens que guardas só para mim.
Nosso insano amor é fagulha de intenso calor,
Garantia de que os sonhos, embora breves, não são em vão.
Nosso insaciável querer, como as açucenas,
Às margens dos lagos - que amam exaustivamente as águas
Haure-se de lembranças e momentos caros, seiva da vida,
Eterna saudade que inebria e nos enleva.
Voa baixo o beija-flor, desenhando versos doces, sensuais...
Vai e volta vívido de amor, apossando-se das margaridas
Que florescem em meus lábios que te esperam.
Eu, sedenta, me devoro, vivendo dessa ânsia louca,
De possuir-te em toda tua volúpia, livre e leve,
Como um beija-flor do amor.



Denize Maria.

terça-feira, 19 de novembro de 2013

FÁBRICA DE SONHOS




Desprenderam-se as pétalas da majestosa flor
Já não sustentam os mesmos perfumes de outrora
Mortas, não serão ofertadas em serenatas quentes
Teme-as, falsa piedade, quem tem a alma à devora.

Pisam-nas os passantes distraídos, indiferentes
Alheios à dor do ferimento.
Apresa-se a morte, sem rodeios
A doer feridas que sangram incertezas.

Podam da flor o caule, acaba-se o vínculo
Na breve memória de ser pétala semiviva;
Resta a suave lembrança do carinho da brisa

Que num bailado de adeus amparou sua queda.

Denize Maria.

domingo, 17 de novembro de 2013

TRANSCENDENTAL




Sedutora aurora boêmia,
Vestida de sedas e alegorias
Dança a valsa dos ventos oscilantes
Poética e inocente às ondas fatais
Que afogam areias candentes.
Pelas bordas da taça escorrem
Lágrimas que o vinho transborda
E eu me deixo cair de teus olhos
Desenhando com traços severos
A transparência cristal de teu rosto.
Ao movimento da luz refletida
De estrelas latentes, anunciantes
Na vastidão do mar espelhada
Insinua-se vaidosa e nua a lua
Rompendo a íntima escuridão
Encarnada nos lábios sabor de vinho.
Dois corpos ébrios de amor
Almas em fuga conjugadas
Defloram sonhos envelhecidos.
O amor é consumado com um brinde
Ao amor, veneno e vício dos amantes     
Na ânsia de um ao outro beber com avidez.


Denize Maria


quinta-feira, 14 de novembro de 2013

LIBERDADE




Minha poesia é água bravia
Fingindo remanso, calmaria,
É o desejo da alma
Afogada em redemoinhos.
Poço profundo, lago espelhado
Seduzindo narcisos.
É uma revoada de pássaros
- míticos seres alados -
Mistura de riso e lágrimas
Grito estridente, eco surdo.
É aragem que acaricia e acalenta
A delicadeza de tecer esperanças,
É um momento e uma eternidade.
É brasa viva ardendo, e me consumindo,
Ou vulcão adormecido em meu coração.
É uma maneira doce de dizer “te amo”.
E singrar oceanos sem destino.
Minha poesia é chuva de estrelas cadentes,
Embriagues de palavras ternas,
Sorriso à toa, um pranto tolo,
A realidade vestindo fantasias.
É poder de tocar os astros e possuí-los
Pegar carona nos ventos siderais

E voar, voar, voar sem direção...

Denize Maria.

terça-feira, 12 de novembro de 2013

VAMOS DANÇAR?


Um vento longínquo me tirou para dançar
Veio trazendo aromas e perfumes exóticos
Chegou soprando suave como carícia apaixonada
Deixando-me feito borboleta encantada.

Viajei nas suas palavras mansas e ousadas
Desejei viajar na imensidão de seus braços
Entregar-me à música, envolver e enlaçar,
Aceitar o convite que me tirava para bailar.

Vi-me outra vez fazendo poesia
E o vilão de novo ganhou vida
Vesti-me de ilusões que o vento me fez acreditar
E vaguei sem rumo embriagada pelo teu cantar.

Na esperança de seu retorno
Plantei um jardim e cuidei dos girassóis
Esperei o vento voltar para acariciar
E meus desejos primaveris avivar.

Brinquei com as auroras e os poentes
Esperei as estrelas abrirem a negra cortina
E a lua passear faceira pelo firmamento
Enquanto a brisa brincava com meu sentimento.

Denize Maria


segunda-feira, 11 de novembro de 2013

EXÍLIO



  
Soam notas musicais
Leves, de mansa nostalgia
Que se perdem no balé das mariposas
No cio.
O vento aveludado, morno,
Sopra com delicadeza
O candelabro dourado
Que irradia púrpura luz.
Finos véus
Encobrem tímidos seios
Que aguardam teus festejos.
Cálido corpo
Orvalhado de desejos,
Estrada de sonhos forasteiros
Faz-se ávido pela entrega.
Meus braços, versos perdidos em ais
Abertos em constante busca
De aconchego
Tomam-te em breve e quente abraço.
Somos felinos enamorados
Da lua cor-de-prata...
...Sobre os muros, ressoam murmúrios.
Que renúncia ainda me cabe?
A quem interessa esse fim macabro?
Às poucas pedras de meu caminho
Entrego meus velhos lamentos

E busco exílio no acaso.

Denize Maria.

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

OLHOS AZUIS

Foram olhos azuis que eu vi,
Como céu limpo de verão.
Não sei explicar o que senti
Não entendo meu coração,
Mas dei asas, reacendi
Um pouquinho a emoção.

São olhos azuis de pura luz
Cor de demasia ternura
Tudo o que banha, seduz.
Olhos que exprimem doçura
Toda prisão em liberdade traduz;
Razões que sucumbem à loucura.

Por esses olhos cometo imperdoáveis pecados
Eles me fazem confessar meus defeitos.
Escondem num flerte mais ousado
O disfarçado sorriso perfeito,
Deixando meu dia mais adoçado
tornando seu ego satisfeito.

Eu amo esses olhos que brilham
Como pedra preciosa lapidada.
São estrelas vivas que cintilam
Me deixando em rumo, desnorteada.
Mas o magnetismo e a ternura trilham
Meu caminho de mulher apaixonada.

A! Esses olhos azuis da cor do mar
Traduzem esse enigmático escorpiano
Disposto aos novos prazeres da entrega;
Desaguando como água bravia do oceano
Antecedendo a tempestade no ar,
Transformando o que é puro em profano.

Esses olhos descortinaram em mim.
Acenderam sonhos e emoções,
Com eles posso fugir da realidade e assim
Buscar motivos para desnudar a razão;
Encontrar um porto, atracar enfim
Olhar nos olhos e desfrutar das tentações.


Denize Maria.

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

ROLETA RUSSA


Ousadia, propósito insano
De montar esse quebra cabeça
Se na mesma equivalência bailam
Medos e desejos.
No doce-amargo confronto das peças,
Mosaico indigesto.
Na beleza das plumas, um redemoinho
De ilusões.
No deslumbrante brotar de auroras,
Envaidecidos olhares.
Na festividade das ondas engrinaldadas,
Uma marola de núpcias.
Na sinfonia alegre das fantasias,
O toque supremo da brisa.
Na madrugada que se despe para a noite,
O choro do orvalho.
No coração agitado, descompassado cantar,
Serenatas em dueto.
No corpo incendiado de calor vulcânico,
O magma do prazer.
Na poesia que vivifica sentimentos,
Planos e enganos sem guarida.
Na estrada solitária, sob o aconchego
Dos astros, o destino sem volta.
Na loucura dos sonhos que se dissipam
Feito miragem, o gatilho:
Uma paixão vendaval que se arvora...
...Roleta russa...

Denize Maria.


terça-feira, 5 de novembro de 2013

CLANDESTINO CAVALHEIRO



A noite chegou mansa como um abraço de afago
Trouxe as estrelas discretas e a lua em cio,
A mansidão dos ventos e o desassossego da alma,
E a escuridão desmedida aumentando a solidão vazia.

Dei de falar com os astros como num ato insano
Contei dos meus medos e do que me angustia,
Dos anseios e segredos que povoam meus pensamentos,
Das asas que ganho toda vez  que você se faz em profecia.

Ensandecida, componho ilusões e crio fantasias ousadas
Imagino o toque, o olhar, o beijo, o estremecer
O coração em descompasso diante do inusitado...
O tempo coroe o próprio tempo e sinto padecer.

Respiro o ar como quem quer encher-se de coragem
Um refrão já cansado ressurge nos febris pensamentos,
O que já estava complexo se torna quase insuportável
A incerteza e o desejo duelam forças  neste tormento.

É essa urgência que me incomoda
Que me faz perder o controle sobre meu querer
Que me faz sentir o chão fugir sob meus pés
Que me faz sentir anjo e demônio a teu prazer.

Imagens se fundem nas sombras da noite
Seria suas nuances de amante aventureiro?
Que veio a meu encontro através do pensamento
Envolvendo-me com volúpia, clandestino cavalheiro.


 Denize Maria




segunda-feira, 4 de novembro de 2013

BRISA

Ouço um recital ao longe
Que um vento indiscreto,
Ousado, atrevido
Presenteou meus ouvidos.

Guardei na lembrança
As ternas palavras
Doces torturas
Perfil da loucura.

Busquei em teus olhos
Recatado frio da noite,
Reluziu pedra preciosa
Lapidada, poderosa.

Reneguei sonhos forasteiros
Que furtaram minhas noites,
Incompreendidos momentos
Para minha alma, tormento.

Brisa que acaricia as pedras
Espalhando música no ar
Restam mãos abanando ao léu
Olhares se lançando para o céu.

Taça de bebida requintada
Cristal fino, nunca antes tocado,
Oferenda aos deuses pagãos
Enche os olhos, foge das mãos.

Chegou mansinho de madrugada
Nunca mais partiu
Não entendi porque ficou
Impressionante o quanto esse vento balançou.

Denize Maria.

domingo, 3 de novembro de 2013

SONHO E FUGA


  

Furtei-me da realidade, mergulhei no oceano da ilusão...
Fugi, e me encontro encarcerada em teu sorriso.
Sonhei pacientemente à espera desse traiçoeiro aviso
Que me despertou com o furor de um vulcão.

Cavalgava em meus sonhos boêmios, chorosos,
Desenhando rostos, libertando agonias hibernadas;
Ativei lavas incandescentes de vulcões ruidosos...
Ah, forasteiros sonhos de noites embriagadas!

De sonho em sonho, atravessei o infinito momento...
Libertei meus desejos mais secretos, fantasias ousadas,
Com alma de menina que paira ao sabor dos ventos.

Corpo de mulher que espalha o perfume das floradas
Sufoca  seu coração em busca de um argumento qualquer
Enquanto o amor é escrito com rimas desencontradas.

Denize Maria.


quinta-feira, 31 de outubro de 2013

VINHO ENVELHECIDO

Foi assim,
Desde a primeira vez que te vi...
Deslumbrante
Fascinante
Mágico como a miragem de um deus Titã
emergindo das águas bravias,
Enigmático como o flerte do deus Baco
a embriagar com sua sedução.
Foi assim
Desde a primeira vez que olhei nos olhos...
Tímido
Sedutor,
Atiçando os mistérios do pressentimento
escondidos num oásis em terras áridas.
Foi assim
Desde a primeira vez que te toquei...
Suavemente
Com o mais puro requinte
Como quem toca uma porcelana fina.
Foi assim
Desde a primeira vez que te senti...
Aroma indescritível
De brisa fresca
Fragrância doce de tua presença.
Foi assim
Desde a primeira vez que te beijei...
Um instante de rara emoção
Quando o sentimento fundiu-se com a o instinto quase animal
e a razão perdeu o sentido.
Foi assim
Desde a primeira vez que te possui
Enigmático
Sublime
Envolvente
Apaixonante
Pintura sem retoques...
Sede saciada na fonte.
Foi assim
E ainda continua sendo!
A primeira vez desabrocha
A cada despertar da aurora
E reaviva esse amor que se faz poesia num só verso
Beber deste vinho, embriagar-se
De eternidade
De felicidade...

Denize Maria.




quarta-feira, 30 de outubro de 2013

INDUÇÃO AO PECADO


Passeava eu pelo teu jardim
Quando encontrei  tua janela entreaberta
E não resisti a tentação de presenteá-lo com o perfume das flores roubado.
Teu corpo, porém, aprisionou-me os olhos.
Minhas mãos desejosas queimavam,
Tua pele alva me convidava ao pecado.
Passei pelos teus sonhos enquanto você dormia
Bisbilhotei aqueles anseios que escondias
Nas sombras de teus pensamentos
Presenciei  e senti  teus suspiros...
Você nem se deu conta pela inércia do corpo,
 Mas era eu quem sussurrava em teus ouvidos...
Entre o torpor momentâneo e o despertar,
Fiquei encarcerada em tua alma...
Retirei-me silenciosamente
Enquanto tua pele evidenciava sinais de arrepios.
Deixei apenas rastros de um perfume
E vestígios de poesia...


Denize Maria

terça-feira, 29 de outubro de 2013

ANJO FORASTEIRO



Um  anjo de asas multicores 
Vem na calada da noite
Cortejar meus sonhos
(mosaicos inacabados);
Rompe o sereno obsceno
Que finge dormir comigo
Submisso às trevas efêmeras. 
Um anjo do bem e do mal
Com sua ânfora de bálsamo
Vem pousar em meu corpo inerte
Vem regar-me com fragrâncias de rosas;
Perfumar-me as mãos de brisa
No afã de espalhar aromas infindos
Pelas madrugadas do tempo.

Um anjo em sua cantiga suave
Vem trazer-me esmeraldas
Para ornar altares de oferendas.
Vem dissipar noites horrendas
Com olhares lampejos de bravura
E com poesias ousadas.

Um anjo forasteiro que se deita comigo
E preenche meus espaços vazios
Com gestos e palavras vibrantes
Faz-me prenha de novos horizontes
Para dar a luz aos sonhos de amor.

Denize Maria


domingo, 27 de outubro de 2013

DOMINGO DE SOL



Cabelo ao vento
Corpo sedento
Em busca de acalento
Que encontro em seus braços.

Sol batendo na face
Esperando que você me abrace
E com meu sorriso se engrace
Mesmo que seja só em pensamento.

Minha sombra me acompanha
E nas águas do lago se banha
O absorto então me ganha
E me leva ao encontro de você.

Sinto a brisa roçar minha pele quente
Quase um afago inconsequente
Como se sentisse o toque fisicamente

De quem  está distante dali.

Denize Maria

sábado, 26 de outubro de 2013

PELA PORTA ENTREABERTA

Pela porta entreaberta vejo a vida que passa mansa
Numa tarde encabulada de sábado.
Percebo nuvens acinzentadas na lassidão de mover-se
Num céu de fundo esbranquiçado e fosco.
Algumas aves aventuram-se  em voos despreocupados
Um e outro trinar ou assobio de algum pássaro aqui e ali
Que se escondem entre o verde das ramagens ou passeiam pelo gramado.

O vento balança como quem acaricia as folhas recém-brotadas
Das árvores do jardim com ares de primavera.
A superfície do lago em movimento contínuo e lento
Por vezes é quebrado pelo arrombo de um peixe que parece exibir-se
Para uma plateia que não existe
Apenas para quebrar a monotonia da superfície espelhada.

Ao longe, linhas curvilíneas desenham o formato das montanhas,
Contornos verdes de vários tons que se mesclam e se completam
Parecem tocar o céu ou seria o céu que as afagaria?
Será que posso tocar as nuvens se eu chegasse lá
Nas alturas daquelas montanhas?

O sol que hoje quer se fazer segredo
Parece espiar bem de longe apenas para vigiar
Como quem anda encabulado por algo que fez.
Será que o sol está triste porque a chuva não está dando muita trégua?
Parece brincar de luz e sombra
E mais uma vez se refugia

Porque os primeiros pingos de chuva principiam.

Denize Maria.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

RISO, VIDA, ALEGRIA

Pousam borboletas inquietas
Sobre pétalas orvalhadas
Que a madrugada chorou.
Asas abertas, libertas
Voam ao encontro dos raios
que a aurora oferta em tons mágicos.
Ânsia incontida
Buscando estímulos ...
Essência da vida.

Pousam borboletas discretas
Alheias ao estresse rotineiro.
Vaidosas, discretas, cativantes,
Revelando suas identidades sedutoras.
Flores desabrocham aos seus pés
Na leveza do toque sutil
Aplaudem a doação e a entrega
Bailando ao sabor do vento leve.

Pousam borboletas coloridas
Possuídas de encanto
Sem posses, sem paradeiro,
Desfrutam da liberdade sem medos.
Feito fadas se apoderam
Dos distraídos humanos
Envolvendo-os com magia,
Leveza, carinho e mansidão.
O ventre casto e perfumado da flor
As recebe com finas sedas
Num ritual de entrega e desapego.

Pousam borboletas alegres
Enigmáticas, sobre o desabrochar da vida
Inocentes carrosséis de fantasias.
Provocantes borboletas bailarinas...
O instinto a procura do belo
Do néctar adocicado
De satisfazer seu instinto
De ouvir segredos...
Confessar seus medos.


Denize Maria.


segunda-feira, 21 de outubro de 2013

FANTASIA


Feche os olhos e sinta
São meus versos chegando até você.
Relaxe!
Permita invadir-te com meu otimismo
Permita-me encantar-te...
Deixe sua imaginação flutuar,
Criar asas e nelas poder voar
Por entre as nuvens de algodão,
Embeber-se das cores do arco-íris,
Banhar-se numa chuva de verão,
Aquecer-se nos raios mornos de primavera.
Permita-me desabrochar meus versos como flor,
Decolar contigo rumo ao por-do-sol,
Acariciar tua alma livre de superficialidades
E convidar-te a bailar soturnamente
Feito sombras, na noite quente de nossa loucura.

Feche os olhos e sinta
O cheiro da mata verde,
O perfume das flores,
O aroma da fruta madura,
Da fragrância da minha pele.
Ouça o som da orquestra,
Da cachoeira cantante ao longe,
Ou do mar quebrando aos seus pés.
A cantiga da chuva caindo de mansinho,
Ou do gemido do vento que carrega os medos,
Do pio da ave noturna invadindo a madrugada,
Rasgando o silêncio de teus pensamentos.

Comungue
A liberdade com gosto de aventura,
A sagacidade de lobo solitário
Encantado com a lua que se insinua.
O momento que as estrelas vigiam
Discretas testemunhas de meus ais.
Feche os olhos e sinta
É minha poesia que chega num barquinho de papel.

Denize Maria




domingo, 20 de outubro de 2013

DESPERTA...VEM VER O LUAR!

Olha nos meus olhos
Esquece todos os lamentos
Satisfaz  meu ego sedento
Transforma em magia o momento
Faz-me esquecer o tormento
Que deixou meu coração em fragmentos
Sem culpa alguma de me possuir esse sentimento.

Olha nos meus olhos
Remova os escombros, vasculha o passado
Não fique assim tão calado
Estenda tua mão, sinta-se desejado
Deixe teu coração bater serenado
Quero perceber teu olhar fascinado
Permita que eu lhe diga o quanto és desejado.

Olha nos meus olhos
Exorciza os medos e a solidão
Ouçamos juntos uma velha canção
Encorajada então, farei a revelação
Transbordaremos a taça da emoção
Beberemos com calma dessa tentação
E embebecidos perderemos a razão.

Olha nos meus olhos
Desabrocha e perfuma as flores
Nas pétalas sedosas põe cores
Faz-me esquecer doutros amores
Que me fizeram sentir tantas dores
Faça a brisa fresca cantar louvores
E dispersar no vento meus  dissabores.

Olha nos meus olhos
Acorda em mim o amanhecer
Que da noite ainda não se desfez
Sem meias verdades assumir de vez
Que as palavras faltaram, talvez
Foi quase travessura da timidez
Mas mesmo oculto esse querer viver me fez.

Olha nos meus olhos
Silencia meus lábios que não querem calar
E em palavras se fez poetar
Que teu coração quis me apossar
Permita-me ao menos sonhar e fantasiar.
Então desperta...Vem ver o luar
Que brota incessantemente do meu olhar.


Denize Maria.





sexta-feira, 18 de outubro de 2013

MADRUGADAS



Madrugada calada,
Quebrada apenas por murmúrios e gemidos de prazer...
Corpos embriagados, suados...
Num bailar constante de movimentos quase hipnóticos.
Pele em brasa... Mãos ansiosas... Bocas ávidas
Toques... Sussurros... Perdição.
A madrugada silenciosa acolhe os amantes
Vulcões em erupção
A derramar lavas quentes de prazer...
O deleite... Explosão de contidas medidas e cautelas
A entrega... Só os amantes entendem...
E assim as madrugadas acolhem
A poesia e o poeta completando-se.

Denize Maria.