'' Falar sem aspas,amar sem interrogação, sonhas com reticências,viver sem ponto final.'' Charles Chaplin

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

VÉSPERA DE NATAL E AS AMEIXAS VERMELHAS



Não sou muito de me atrever a escrever crônicas, mas hoje o dia é especial e merece um pouquinho do meu esforço.
Toda véspera de Natal algumas imagens ressurgem na minha cabeça e a nostalgia toma conta. São cenas que marcaram minha pobre infância, mas que foram essenciais para a construção do meu caráter e educação.
Eram meados dos anos 70, eu tinha em torno de 5 anos e morava numa comunidade do interior do município de Ibian, SC (que naquela época ainda nem município era, pertencia à Tangará). Nossa humilde casinha era desprovida de muitas coisas materiais, mas nas recordações que tenho ficaram as coisas que nenhum dinheiro compra.  Relembro do vendaval que quase levou nossa casa pelos ares  em plena madrugada; do dia que meu irmão quase decepou um dedo da mão esquerda moendo milho na máquina; das idas à igreja, do riozinho que passava nos fundos da propriedade, dentre tantas. Mas tem uma lembrança que marcou e ainda recordo sentindo o gosto das ameixas vermelhas tão fartas nessa época do ano.
Naqueles tempos eu nem sabia da existência do Papai Noel. Nosso único meio de comunicação era um rádio à pilhas enorme que tinha um lugar de destaque num canto da cozinha sob uma travessa construída especialmente para ele. Acreditávamos naquilo que os pais e avós nos contavam e isso era tudo o que precisávamos saber. Neste dia, véspera de Natal, esperávamos a vinda do Menino Jesus, ou Bambim como diziam.  Presentes eram tão raros e de valor pequeno, mas isso era tudo o que tínhamos e não sei se fazia falta ter ou não dinheiro. Aquilo que ganhávamos era o maior presente do mundo e nos tornava importantes. Geralmente ganhávamos roupas, pequenos brinquedos, algum mino.  Mas na véspera era muito importante deixar debaixo do pinheirinho decorado com algumas bolas coloridas e pequenos pedaços de algodão, alguma coisa para agradar o Menino Jesus dar de comer para o burrinho que carregava Maria com o Menino.
Naquela simplicidade toda, deixávamos capim, milho e água para o burrinho; bolachas que a mãe fazia especialmente para o Natal (essa era nossa guloseima extra) e ameixas para a família do Menino Jesus. Ah, as ameixas! Tinha um pé enorme que acredito  nunca ter sido podado e estendia seus galhos em grande copa. Carregava de ameixas vermelhas e doces. Saborosas como qualquer fruta que vem assim sem veneno algum, sem cuidados. Naqueles tempos ainda se produziam frutas sem agrotóxicos e com sabor de fruta. Íamos eu, minha mãe e meu irmão buscar dessas frutas para colocar debaixo da árvore de Natal. Enchíamos uma cesta de vime e voltávamos para casa faceiros pela simples ideia de alimentar alguém muito especial.
Hoje ao acordar, a primeira coisa que me veio à lembrança foi a cena de colher as ameixas vermelhas. Pode ser que para você leitor, isso seja só uma leitura, mas para mim é algo que marcou minha infância. Hoje posso comprar ameixas vermelhas, mas elas nunca terão o mesmo sabor daquelas que eu colhia para ofertar ao Menino Jesus.


Tenham todos um FELIZ NATAL!

Denize Maria

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

POESIA AO AMANHECER


Como é lindo o amanhecer!
Tons rosados envolvem as montanhas ao longe
Numa carícia tímida
Enquanto ganha vida  em toda extensão do céu .
Nuvens distraídas brincam com o vento que parece varrê-las...
Rompe a aurora faceira
Murmura o riacho um bom dia sonolento
Rãs e sapos ainda fazem algazarra na lagoa
Aves faceiras despertam em voos malabares
E cantos orquestrais.
Logo o sol desperta e acalora o dia
Mas enquanto ele ainda dorme
Me entrego à tarefa de sentir a brisa entrando pela janela
E ao sonoro bom dia dos passarinhos
A grande tela me encanta os olhos
Com o descortinar peculiar de um novo dia.


Denize Maria.

domingo, 15 de dezembro de 2013

DIVAGANDO



A noite abre suas negras asas
E faz surgir por entre as plumagens
Luzes cintilantes sob a imaginação
Povoando fértil e insano querer do poeta
Revelando os mais ocultos segredos
Guardados nas recônditas entranhas da alma
Perdidos na imensidão de suas asas.
Penetrando na profundidade da noite
Minha doce e suave melodia em forma de versos
Vai ganhando os ares, transpondo barreiras,
Despertando sensações de embriaguez e  nostalgia.
Vai chegando de mansinho  explorando teus sonhos
Enquanto a noite  lá fora se faz mistério.
Fico a brincar com teu corpo entorpecido pelo sono
Fazendo a pele queimar em desejos
Aflorando cobiças profanas
Sentir tua respiração descompassar
E o coração acelerar inconsciente.
Recolho minhas asas
E deixo você a sonhar
E acordar com a sensação do meu perfume no ar.


Denize Maria

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

PITANGAS DOCES



Quero hoje colher pitangas doces
Que brotam de tua rósea boca,
Saborear sem pressa a macies dos lábios teus
E me entorpecer até ficar deveras louca.

Deixar-me levar pela intensidade do momento
Esquecer-se de qualquer virtude ou pudor,
Permitir-me ser conduzida ao éden
E das pitangas doces provar o sabor.

Só por hoje, ceda aos meus encantos.
Comporte-se como um travesso menino
Venha livre, sem amarras, nem promessas.

Siga os apelos, ouça o meu canto
Que ecoa nos versos pequeninos
E pedem para que se colham pitangas depressa.

Denize Maria.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

POR DETRÁS DO TEU OLHAR


Tinha um por de sol escondido por detrás de teu olhar
Que eu colori com rubra cor
De fagulhas que teimavam em lançar-se de meu corpo.
Perdi-me em curvas e desfiladeiros,
Desafiei meus domínios,
Cumpri a saga solene da sedução audaz.
Embebi-me do doce licor da fonte de tua boca,
Retive no mais profundo âmago
As sensações e as lembranças profanas
Como que guarda a um tesouro
Sem razões ou sentidos...
Percorri todos os teus pecados
Sobrevivi.


Denize Maria.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

AMOR IMUTÁVEL

Somos seres em transformação,
Mutação,
Crescimento,
Desenvolvimento...
Somos seres em constante busca
De felicidade,
De amizades,
De paz,
De reconhecimento,
De sucesso...
Criamos elos,
Associamos ideias,
Lutamos pelo que amamos,
Teimamos pelo que acreditamos.
Não buscamos a perfeição,
Apenas amamos com emoção pura e verdadeira.
Caímos, nos ferimos, sofremos...
Mas emana de dentro de nós,
Uma força tão grande
Que nos revitaliza,
Encoraja-nos  de forma contagiante,
Nos revigora,
Nos faz esquecer as desventuras,
Nos faz enxergar adiante, sem mesuras,
Chamamos isso de sonhos, e os compartilhamos
Como quem compartilha o pão...
Afinal, somos guerreiros!
Nossos braços abraçam,
Acolhem,
Fortalecem,
Somam forças...
O grupo foi devagar aumentando de tamanho,
Chegaram novos componentes,
Fomos ganhando novos adeptos,
Expandimos os ramos...
Juntos formamos uma galera do barulho:
Sabemos fazer festa,
Dizer palavrão,
Torcer pro timão,
Colorado,
Santos,
...
Sabemos até fazer mudanças:
Mudança de casa,
Mudança de estilo,
De marca de carro,
De cerveja...

Sentimos saudades uns dos outros,
E não temos vergonha de nos abraçar
Com efusão dos sentimentos,
Com entusiamo,
Com emoção,
Com ternura...
...e abafar a dor da distância...
Nos abraçamos
Como quem abraça a um tesouro.

Somos todos aprendizes
Na tarefa de juntar nossas felicidades,
somando as diferenças,
Dividindo as experiências,
Multiplicando as alegrias
E diminuindo as tristezas.

E por mais insana que possa parecer
É dessa mistura de gentes e sonhos
Que formamos um grupo social
Denominado família!

Denize Maria.



quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

MEU PECADO

Ah! Como eu desejo
Mergulhar nos mistérios desse teu coração,
Ser a aurora rompendo a noite de tua vida
E te mostrar um doce tempo de amar...
Te fazer uma canção
Roubar teu coração
Provar de teus beijos
Possuir teus sonhos
Implorar por teu colo
Aconchegar-me em teu corpo...
Como o sussurro da noite,
Tocar de leve teus sentimentos
Como a neblina envolve
Delicadamente a madrugada.
Quero envolver e invadir tua vida,
Despertar em teu inverno interior,
Jovens tardes primaveris
Cheias de encanto
E de mansas canções.

Ser em tua vida, verão
Um sol escaldante em dias coloridos,
E assim permanecer em você,
Aquecendo teus sonhos mais fortuitos,
Iluminando  tuas entranhas mais profundas.

Te amar, te perpetuar
Te guardar numa redoma de rosas perfumadas e jasmins...

Meu pecado é te querer assim,
Até me esquecer de mim.

Denize Maria



segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

ABSTRATO




I PARTE

São tantas palavras loucas
Que vertem de minha boca
Verdadeiras, eu as sinto assim
Parecem não ter fim...
É certo que doem... dói saber
Que quase sempre me fazem sofrer.
Mas onde a culpa, se não as minto
Ao revelar meus sentimentos?


II PARTE

Ao despertar da lua
Rabisco em versos, esperanças nuas
Que em minhas faces fazem-se existir
- Lábios que sonho em possuir -
Arde a pele, anula a consciência...
Eu, te esperarei, tenho paciência!
Traga-me rosas rubras e perfumadas
Para vestir-me com pétalas aveludadas.
Ah, esse insano querer, essa doce loucura!...
Fantasias que mais se parecem com tortura.


III PARTE

Sei, tem um beijo guardado para mim
Que eu o desejo com grandeza sem fim.
Têm mãos afoitas e determinadas...
Como brasas vivas percorrem tua pele enluarada.
Tem um vulcão adormecido em algum lugar
Esperando uma única fagulha para estourar...
Abstrato amor, lavas de desejo, paixão...
Uma poção de mim sem lógica ou razão.

Denize Maria.

domingo, 1 de dezembro de 2013

DOCES AMORAS



Doces amoras de negra cor
Ofertam-se às pencas gratuitamente
Para serem saboreadas com prazer.
Orvalhadas , logo de manhãzinha
O sol vem coroá-las
Enfeitando-as com cristais multicores
Pequenos  vitrais espelhados.

Amoras maduras exibem-se ao sol
Na ânsia de serem apreciadas
Degustadas por lábios quentes
Que feito carícia de um beijo
Sorvem  do seu néctar, o doce
Que se espalha pela boca
Desencadeando sensações de prazer.

Sinto o gosto de infância
Nas rubras amoras que colho
Ao amanhecer.
Sinto o gosto de tua boca
No néctar doce que sorvo
Das rubras frutas frescas
Que colho ao amanhecer
De dezembro.



Denize Maria