'' Falar sem aspas,amar sem interrogação, sonhas com reticências,viver sem ponto final.'' Charles Chaplin

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

AS FLORES DO MEU JARDIM




As flores do meu jardim
Falavam-me de paz
E da triste missão de perfumar
Funerais das vítimas de guerras.

Falavam-me de amor
Doação íntegra, sem paradigmas
E de sua frágil concepção.

Falavam-me de serenidade
No olhar contemplativo de seres passantes
Que buscam alívio para os seus dissabores.

Falavam-me de perdão
De inocência e solidariedade
Que desencadeiam contagiante ternura.

Falavam-me de saudade
De lembranças, de gestos de amizade
Impregnados no perfume e nos matizes.

Falavam-me de alegria
Da serena sensação de bem-estar
Que amaina o tédio dos céticos.

Falavam-me de simplicidade
Da exuberância das virtudes
Da quietude, da retidão, do encantamento.

Falavam-me de beleza
Íntegra, insubmissa e sem vaidades
De detalhes, de dotes sem máscaras.

Falavam-me de entrega
De cumplicidade com a chuva e os ventos
Que propagam aromas e sementes.

Falavam-me de humildade
De renúncia em silenciosa colheita
Para servirem de oferenda.

As flores do meu jardim
Falam-me de ósculos, de paixão
De prazer, de gozo, de libertação.

As flores do meu jardim
Roubam de meus olhos a contemplação
Da alma minha poesia.

Denize Maria.


quarta-feira, 27 de novembro de 2013

A CHUVA



A chuva nos encontrou despidos de qualquer razão
Brincou escorregar pelos cabelos
E percorreu sem pudores pelo dorso moreno
Contornando as curvas, colando a roupa, atiçando os desejos.
Já sem qualquer vestígio de sobriedade
Deixamos nossas peles se tocarem como carícia
Nossos corações ditarem o ritmo sem pressa,
Nossos olhares, o difuso, o complexo, o belo querer.
E a chuva continuou sua canção demente,
Enquanto o mais profundo anseio buscava porquês
Se os pés ainda pisavam a areia, mas o corpo havia ganhado asas...
As mãos ganharam vida, os lábios tocaram outros lábios sem reservas
Quentes, febris, afoitos...
À beira mar nossas fantasias tornaram-se palpáveis
Juntamos a poesia e o prazer num roçar de peles e mentes...

...o mar ainda trouxe uma onda leve para tocar nossos pés.


Denize Maria.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

SONHO FURTADO



Vestido rodado
De renda bordado
Abre-se em cirandas
Sobre o assoalho da varanda,
Mal cabe em si a menina
O torpor da emoção a domina.
Tempo de romper as barreiras do tempo
E deixar a infância ao sabor do vento.
Libertar os mais secretos anseios
Permitir que a música  lhe conduza aos devaneios,
E sirva-lhe de voo para um mundo imaginário
Muito além do visionário.
Ao sabor do novo, então, que os olhos se curvem
E vislumbrem horizontes infinitos que surgem,
Como promessa de  longa e vasta avenida
Enquanto o corpo se embriaga de vida.
A manhã morna já se tornou passado
Guardado em quadro recém-pintado.
O sol a pino já se derrama promissor
É a juventude chegando com todo fulgor,
E expande-se, alarga-se, debruça-se sobre  a letargia
E a vida brota faceira em novas melodias.

O vestido rodado traz ainda lembranças
De um sonho que lhe foi roubado,
Pensou ter encontrado seu grande amor
Restaram-lhe apenas sombras que encobrem sua dor.



Denize Maria

domingo, 24 de novembro de 2013

A LÁPIDE DE UM GUERREIRO



Hoje estou velho.
Vivo nas ruínas de um castelo
Que um dia, já fora belo,
E então notei  que o tempo não livra ninguém.
Me vejo entre as paredes de pedra da velha fortaleza
Agora pretas,
Marcadas por inúmeros incêndios
Causados pelos vários inimigos que por aqui passaram.
A paliçada está em pedaços, abandonada,
Mas em seu tempo de gloria
Abrigara mais de mil homens fortemente armados.
O salão de festa, que já recebera pessoas de todos os cantos,
Jaze vazio, apodrecendo, esquecido.
Sem receber visitantes há um longo tempo.

Já participei de inúmeras batalhas
E estive presente em algumas invasões
Saqueado, pilhando e matando.
Lutei com pessoas das mesmas terras minhas
E com homens vindo além-mar.
Aço em pele, sangue no rosto,
Espadas brandidas, lanças atiradas,
Flechas zunindo, machados cortando,
Escudos apostos, erguidos em defesa,
Salvando a mísera vida e aparando golpes.

É na parede de escudo, o lugar onde o terror toma conta,
Que se fica cara a cara com seu inimigo,
Sente seu bafo de cerveja e escuta insultos.
Vê homens com ódio e medo em seus olhos,
Pois eles sabem, tanto um como outro,
Que não podem fugir do destino.
Pagãos rezam e tocam seus amuletos
Cristãos se confessam e fazem suas orações
E então, começa a canção das espadas.
O júbilo de uma batalha,
O cheiro de uma carnificina.
O ferro que mata, degola e fere,
Guiados por homens corajosos,
E que deixaram para trás, crianças, casas e mulheres,
Para ir à luta e ganhar sua honra...

Mas hoje, tenho mais do que oitenta  invernos
E minhas cicatrizes persistem na dor
Ainda posso sentir o frio da lâmina cortando minha pele.
Ultimamente me sinto um velho solitário, abandonado,
Que contrata bardos para entoar meus feitos.
Já fui um grande homem, um senhor da guerra
Liderei milhares de guerreiros,
Participei de inúmeras campanhas,
Matei vários homens e vi meus amigos caírem no chão.

Porém, ainda lembro-me do rosto de minha amada
Seus cabelos longos e negros, como uma noite sem lua,
Sua pele branca e fina como a pétala da rosa virgem...
Possuía o brilho das estrelas em seus verdes olhos
E um riso doce... Que já me pertenceu...
Choro de dor, por essa perda irreparável
Que os deuses  não conseguiram  impedir.
À noite, quando um ar gélido entra pela janela,
Percebo meus frágeis ossos doerem,
E me deparo com a minha vida esgotada

Esperando a minha hora de ir.


Gabriele Bee

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

SENTENÇA



Vontade de:
Beijar na boca
Rir feito louca
Falar até ficar rouca.

Saudade de:
Banho de cachoeira
Perfume da roseira
Ficar de bobeira.

Lembranças :
Da escolinha do interior
Do meu primeiro amor
Das frutas silvestres, o sabor.

Desejo de:
Realizar meus sonhos
Fugir dos padrões enfadonhos
Correr mais riscos medonhos

Gostar de:
Chuva no telhado
Recordar o passado
Sorvete bem gelado.

Perder-se:
Na leitura de um livro ganhado
No banheiro, cantar desafinado
Ou ouvir a noite de madrugada.

Apreciar:
O nascer do sol no horizonte
Observar os vales do alto dos montes
O rio escapando por debaixo da ponte.

Fugir:
Do medo dos desafios
Da preguiça que dá o frio
De quem perturba meus brios.

Querer:
Sentir teu cheiro novamente
Teu abraço terno e quente
Teu olhar com inocência demente.

Partir:
Para longe sem destino
Com a pureza de um menino
Mas com alma de peregrino.

Levar:
Na bagagem a ousadia
Nos pés a energia
E na alma a alegria.

Escrever:
Nos murros alheios uma poesia
Com versos livres das teorias
Mas com emoção em demasia

Viver:
Dançando com o vento
Sendo dona do seu pensamento
Amar sem nenhum julgamento.

Denize Maria.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

POESIA POR UMA NOITE

Cai a noite serena e calma
Banhada pelo luar,
É o momento de redescobrir o amor,
De fantasiar, de seduzir.
Do manto estrelado faço meu teto
Da lua prateada, o abajur
Da cachoeira, minha orquestra.
Na relva orvalhada estendo a cama
E com teu corpo nu, faço amor.
Coração agitado, pele incendiada
Brasa incandescente de sedução.
Lábios ávidos, quentes
Corpos suados, salgados
Dançando vaidosamente
Embebecidos de prazer.
instinto irracional de desejo
Inebriante sensação
Envolvente, sensual
Brota instintivamente de corpos bem torneados
Sedentos de amor.
Misterioso, amante aventureiro
Idealizador de meus sonhos
Personagem de minhas fantasias,
Oásis de perdição..
Puro prazer!
...e o amor se faz outra vez,
Sem pressas, sem palavras,
Num processo de encantamento
Harmonioso em seus movimentos
Provocante por suas sensações.
Corpos se fundem, se confundem
Num delírio explosivo.
Puro êxtase!
A aurora se rompe da madrugada
o céu se enche de luz
os lábios se tocam com carícia
Acendem novamente o fogo da paixão.


Denize Maria.

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

NÉCTAR




Quando ainda a madrugada envolta em névoa fria
Fazia-se poema, rendida aos carinhos da lua,
Por atalhos sedutores
Atraída pelo ímã de teus olhos corruptores
Ousei perverter-me em nosso paraíso.
Alforriei todos os meus medos
Afloraram-se todos os meus desejos,
E descobri que há mel em teus lábios
- favos virgens que guardas só para mim.
Nosso insano amor é fagulha de intenso calor,
Garantia de que os sonhos, embora breves, não são em vão.
Nosso insaciável querer, como as açucenas,
Às margens dos lagos - que amam exaustivamente as águas
Haure-se de lembranças e momentos caros, seiva da vida,
Eterna saudade que inebria e nos enleva.
Voa baixo o beija-flor, desenhando versos doces, sensuais...
Vai e volta vívido de amor, apossando-se das margaridas
Que florescem em meus lábios que te esperam.
Eu, sedenta, me devoro, vivendo dessa ânsia louca,
De possuir-te em toda tua volúpia, livre e leve,
Como um beija-flor do amor.



Denize Maria.

terça-feira, 19 de novembro de 2013

FÁBRICA DE SONHOS




Desprenderam-se as pétalas da majestosa flor
Já não sustentam os mesmos perfumes de outrora
Mortas, não serão ofertadas em serenatas quentes
Teme-as, falsa piedade, quem tem a alma à devora.

Pisam-nas os passantes distraídos, indiferentes
Alheios à dor do ferimento.
Apresa-se a morte, sem rodeios
A doer feridas que sangram incertezas.

Podam da flor o caule, acaba-se o vínculo
Na breve memória de ser pétala semiviva;
Resta a suave lembrança do carinho da brisa

Que num bailado de adeus amparou sua queda.

Denize Maria.

domingo, 17 de novembro de 2013

TRANSCENDENTAL




Sedutora aurora boêmia,
Vestida de sedas e alegorias
Dança a valsa dos ventos oscilantes
Poética e inocente às ondas fatais
Que afogam areias candentes.
Pelas bordas da taça escorrem
Lágrimas que o vinho transborda
E eu me deixo cair de teus olhos
Desenhando com traços severos
A transparência cristal de teu rosto.
Ao movimento da luz refletida
De estrelas latentes, anunciantes
Na vastidão do mar espelhada
Insinua-se vaidosa e nua a lua
Rompendo a íntima escuridão
Encarnada nos lábios sabor de vinho.
Dois corpos ébrios de amor
Almas em fuga conjugadas
Defloram sonhos envelhecidos.
O amor é consumado com um brinde
Ao amor, veneno e vício dos amantes     
Na ânsia de um ao outro beber com avidez.


Denize Maria


quinta-feira, 14 de novembro de 2013

LIBERDADE




Minha poesia é água bravia
Fingindo remanso, calmaria,
É o desejo da alma
Afogada em redemoinhos.
Poço profundo, lago espelhado
Seduzindo narcisos.
É uma revoada de pássaros
- míticos seres alados -
Mistura de riso e lágrimas
Grito estridente, eco surdo.
É aragem que acaricia e acalenta
A delicadeza de tecer esperanças,
É um momento e uma eternidade.
É brasa viva ardendo, e me consumindo,
Ou vulcão adormecido em meu coração.
É uma maneira doce de dizer “te amo”.
E singrar oceanos sem destino.
Minha poesia é chuva de estrelas cadentes,
Embriagues de palavras ternas,
Sorriso à toa, um pranto tolo,
A realidade vestindo fantasias.
É poder de tocar os astros e possuí-los
Pegar carona nos ventos siderais

E voar, voar, voar sem direção...

Denize Maria.

terça-feira, 12 de novembro de 2013

VAMOS DANÇAR?


Um vento longínquo me tirou para dançar
Veio trazendo aromas e perfumes exóticos
Chegou soprando suave como carícia apaixonada
Deixando-me feito borboleta encantada.

Viajei nas suas palavras mansas e ousadas
Desejei viajar na imensidão de seus braços
Entregar-me à música, envolver e enlaçar,
Aceitar o convite que me tirava para bailar.

Vi-me outra vez fazendo poesia
E o vilão de novo ganhou vida
Vesti-me de ilusões que o vento me fez acreditar
E vaguei sem rumo embriagada pelo teu cantar.

Na esperança de seu retorno
Plantei um jardim e cuidei dos girassóis
Esperei o vento voltar para acariciar
E meus desejos primaveris avivar.

Brinquei com as auroras e os poentes
Esperei as estrelas abrirem a negra cortina
E a lua passear faceira pelo firmamento
Enquanto a brisa brincava com meu sentimento.

Denize Maria


segunda-feira, 11 de novembro de 2013

EXÍLIO



  
Soam notas musicais
Leves, de mansa nostalgia
Que se perdem no balé das mariposas
No cio.
O vento aveludado, morno,
Sopra com delicadeza
O candelabro dourado
Que irradia púrpura luz.
Finos véus
Encobrem tímidos seios
Que aguardam teus festejos.
Cálido corpo
Orvalhado de desejos,
Estrada de sonhos forasteiros
Faz-se ávido pela entrega.
Meus braços, versos perdidos em ais
Abertos em constante busca
De aconchego
Tomam-te em breve e quente abraço.
Somos felinos enamorados
Da lua cor-de-prata...
...Sobre os muros, ressoam murmúrios.
Que renúncia ainda me cabe?
A quem interessa esse fim macabro?
Às poucas pedras de meu caminho
Entrego meus velhos lamentos

E busco exílio no acaso.

Denize Maria.

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

OLHOS AZUIS

Foram olhos azuis que eu vi,
Como céu limpo de verão.
Não sei explicar o que senti
Não entendo meu coração,
Mas dei asas, reacendi
Um pouquinho a emoção.

São olhos azuis de pura luz
Cor de demasia ternura
Tudo o que banha, seduz.
Olhos que exprimem doçura
Toda prisão em liberdade traduz;
Razões que sucumbem à loucura.

Por esses olhos cometo imperdoáveis pecados
Eles me fazem confessar meus defeitos.
Escondem num flerte mais ousado
O disfarçado sorriso perfeito,
Deixando meu dia mais adoçado
tornando seu ego satisfeito.

Eu amo esses olhos que brilham
Como pedra preciosa lapidada.
São estrelas vivas que cintilam
Me deixando em rumo, desnorteada.
Mas o magnetismo e a ternura trilham
Meu caminho de mulher apaixonada.

A! Esses olhos azuis da cor do mar
Traduzem esse enigmático escorpiano
Disposto aos novos prazeres da entrega;
Desaguando como água bravia do oceano
Antecedendo a tempestade no ar,
Transformando o que é puro em profano.

Esses olhos descortinaram em mim.
Acenderam sonhos e emoções,
Com eles posso fugir da realidade e assim
Buscar motivos para desnudar a razão;
Encontrar um porto, atracar enfim
Olhar nos olhos e desfrutar das tentações.


Denize Maria.

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

ROLETA RUSSA


Ousadia, propósito insano
De montar esse quebra cabeça
Se na mesma equivalência bailam
Medos e desejos.
No doce-amargo confronto das peças,
Mosaico indigesto.
Na beleza das plumas, um redemoinho
De ilusões.
No deslumbrante brotar de auroras,
Envaidecidos olhares.
Na festividade das ondas engrinaldadas,
Uma marola de núpcias.
Na sinfonia alegre das fantasias,
O toque supremo da brisa.
Na madrugada que se despe para a noite,
O choro do orvalho.
No coração agitado, descompassado cantar,
Serenatas em dueto.
No corpo incendiado de calor vulcânico,
O magma do prazer.
Na poesia que vivifica sentimentos,
Planos e enganos sem guarida.
Na estrada solitária, sob o aconchego
Dos astros, o destino sem volta.
Na loucura dos sonhos que se dissipam
Feito miragem, o gatilho:
Uma paixão vendaval que se arvora...
...Roleta russa...

Denize Maria.


terça-feira, 5 de novembro de 2013

CLANDESTINO CAVALHEIRO



A noite chegou mansa como um abraço de afago
Trouxe as estrelas discretas e a lua em cio,
A mansidão dos ventos e o desassossego da alma,
E a escuridão desmedida aumentando a solidão vazia.

Dei de falar com os astros como num ato insano
Contei dos meus medos e do que me angustia,
Dos anseios e segredos que povoam meus pensamentos,
Das asas que ganho toda vez  que você se faz em profecia.

Ensandecida, componho ilusões e crio fantasias ousadas
Imagino o toque, o olhar, o beijo, o estremecer
O coração em descompasso diante do inusitado...
O tempo coroe o próprio tempo e sinto padecer.

Respiro o ar como quem quer encher-se de coragem
Um refrão já cansado ressurge nos febris pensamentos,
O que já estava complexo se torna quase insuportável
A incerteza e o desejo duelam forças  neste tormento.

É essa urgência que me incomoda
Que me faz perder o controle sobre meu querer
Que me faz sentir o chão fugir sob meus pés
Que me faz sentir anjo e demônio a teu prazer.

Imagens se fundem nas sombras da noite
Seria suas nuances de amante aventureiro?
Que veio a meu encontro através do pensamento
Envolvendo-me com volúpia, clandestino cavalheiro.


 Denize Maria




segunda-feira, 4 de novembro de 2013

BRISA

Ouço um recital ao longe
Que um vento indiscreto,
Ousado, atrevido
Presenteou meus ouvidos.

Guardei na lembrança
As ternas palavras
Doces torturas
Perfil da loucura.

Busquei em teus olhos
Recatado frio da noite,
Reluziu pedra preciosa
Lapidada, poderosa.

Reneguei sonhos forasteiros
Que furtaram minhas noites,
Incompreendidos momentos
Para minha alma, tormento.

Brisa que acaricia as pedras
Espalhando música no ar
Restam mãos abanando ao léu
Olhares se lançando para o céu.

Taça de bebida requintada
Cristal fino, nunca antes tocado,
Oferenda aos deuses pagãos
Enche os olhos, foge das mãos.

Chegou mansinho de madrugada
Nunca mais partiu
Não entendi porque ficou
Impressionante o quanto esse vento balançou.

Denize Maria.

domingo, 3 de novembro de 2013

SONHO E FUGA


  

Furtei-me da realidade, mergulhei no oceano da ilusão...
Fugi, e me encontro encarcerada em teu sorriso.
Sonhei pacientemente à espera desse traiçoeiro aviso
Que me despertou com o furor de um vulcão.

Cavalgava em meus sonhos boêmios, chorosos,
Desenhando rostos, libertando agonias hibernadas;
Ativei lavas incandescentes de vulcões ruidosos...
Ah, forasteiros sonhos de noites embriagadas!

De sonho em sonho, atravessei o infinito momento...
Libertei meus desejos mais secretos, fantasias ousadas,
Com alma de menina que paira ao sabor dos ventos.

Corpo de mulher que espalha o perfume das floradas
Sufoca  seu coração em busca de um argumento qualquer
Enquanto o amor é escrito com rimas desencontradas.

Denize Maria.