As flores do meu jardim
Falavam-me de paz
E da triste missão de perfumar
Funerais das vítimas de guerras.
Falavam-me de amor
Doação íntegra, sem paradigmas
E de sua frágil concepção.
Falavam-me de serenidade
No olhar contemplativo de seres passantes
Que buscam alívio para os seus dissabores.
Falavam-me de perdão
De inocência e solidariedade
Que desencadeiam contagiante ternura.
Falavam-me de saudade
De lembranças, de gestos de amizade
Impregnados no perfume e nos matizes.
Falavam-me de alegria
Da serena sensação de bem-estar
Que amaina o tédio dos céticos.
Falavam-me de simplicidade
Da exuberância das virtudes
Da quietude, da retidão, do encantamento.
Falavam-me de beleza
Íntegra, insubmissa e sem vaidades
De detalhes, de dotes sem máscaras.
Falavam-me de entrega
De cumplicidade com a chuva e os ventos
Que propagam aromas e sementes.
Falavam-me de humildade
De renúncia em silenciosa colheita
Para servirem de oferenda.
As flores do meu jardim
Falam-me de ósculos, de paixão
De prazer, de gozo, de libertação.
As flores do meu jardim
Roubam de meus olhos a contemplação
Da alma minha poesia.
Denize Maria.