'' Falar sem aspas,amar sem interrogação, sonhas com reticências,viver sem ponto final.'' Charles Chaplin

terça-feira, 25 de novembro de 2014

A CHUVA



A chuva nos encontrou despidos de qualquer razão
Brincou escorregar pelos cabelos
E percorreu sem pudores pelo dorso moreno
Contornando as curvas, colando a roupa, atiçando os desejos.
Já sem qualquer vestígio de sobriedade
Deixamos nossas peles se tocarem como carícia
Nossos corações ditarem o ritmo sem pressa,
Nossos olhares, o difuso, o complexo, o belo querer.
E a chuva continuou sua canção demente,
Enquanto o mais profundo anseio buscava porquês
Se os pés ainda pisavam a areia, mas o corpo havia ganhado asas...
As mãos ganharam vida, os lábios tocaram outros lábios sem reservas
Quentes, febris, afoitos...
À beira mar nossas fantasias tornaram-se palpáveis
Juntamos a poesia e o prazer num roçar de peles e mentes...
...o mar ainda trouxe uma onda leve para tocar nossos pés.



Denize Maria

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

MANHÃ DE DOMINGO AO SABOR DE TEU OLHAR



O mar que dança em teus olhos
Faz meus desejos afogar
Contagia, é inebriante...
Perder-me nesse doce olhar.

A brisa que tua presença emana
Faz minha pele arrepiar
Como se fosse o espelho d’água
Quando se deixa acariciar.

Não há nada neste mundo
Que possa em versos traduzir
Tamanha perspicácia
Que teus olhos tem de me seduzir.

Tento em vão como poeta
Falar vagamente desse profundo mar
Que guarda consigo, em segredo
O encanto de tanto amar.


Denize Maria.

domingo, 9 de novembro de 2014

RETICÊNCIAS

A poesia pairava no ar como perfume embriagador
E borboletas pousavam sobre jardins em festa.
Outonos e primaveras  reversaram-se  em sincronia
Invernos e verões em corpos sedentos e carentes
Poemas e poesias flutuavam nas ondas do oceano dos sentimentos
E morriam mansamente em corpos  insanos e quentes.
Na carência de beber das estrelas ao longe
Bebia-se da luz dos olhos de outrem
Do mel da poesia, da inocência dos anjos,
Da magia da lua e do encanto do beijo que não veio
Do abraço esperado e do sorriso fotográfico.
Os sonhos foram ganhando formas
Sentimentos foram sendo  provocados
Alimentados, saciados, imprevistos.
Queria dormir em braços reais
Que se ofereciam abrasadores
Queria brincar com teu sorriso
Que se abria em trilhas pecaminosas,
Queria encontrar meus olhos dentro dos teus
E me perverter no céu de tua boca.
Perder-me no emaranhado das tentações
E gozar de todos os prazeres lascivos improváveis
Embriagar-me e embriagar-te.
Ganhar e dar-te asas
Criar vínculos.
Legítimo.
Anjo poeta, homem sedutor,
Se um dia o encontrar numa praia deserta
O firmamento tocará a lâmina do mar.
Sucumbirá o sol e a lua será a única testemunha.
...
A noite me encontrou sozinha
Sentada  na praia observando o mar
Deixando a brisa balançar meu cabelo
E aliviar meus desalentos...
...
Entreguei meus medos ao mar
Recolhi meus sonhos
E coloquei em frascos lacrados...
Um dia quem sabe os retomarei.
...
Sem pontos finais
...






quinta-feira, 6 de novembro de 2014

AVENTURAS EM CANASVIEIRAS


Personagens principais: Menina Maluquinha, Menina Poeta e Menina Morena.

Cena Um:

Procurando a salada no prato da Menina Maluquinha.

Restaurante fervendo às 12h30min, fila enorme e interminável, uma profusão de cores, falares, trinar de talheres, risos e comentários. No momento de servir-se, a quantidade e diferenças do cardápio era tentador. Como eu adoro saladas e as cores me fascinam metade do meu prato é destinada a saladas e legumes. Depois disso é preciso acondicionar o restante dos alimentos que são a tentação mais pecaminosa. Mas sem consciência pesada porque as saladas me salvem do inferno das calorias em demasia, sigo na fila até o fim e ainda me sirvo de sobremesa. Minha amiga, a Menina Maluqinha, fica colocando defeito nas saldas porque o que ela quer mesmo é sustância alimentícia. No almoço geralmente podemos encontrar um brócolis verdinho quase perdido naquele mar de macarrão, arroz, lasanha, batata frita, carne... No jantar entre os andares do edifício formado por pedaços de pizzas, eis que surge um retalho de alface verde clara, quase imperceptível sobre a montanha de sabores diferentes dessa bombástica delícia calórica. Convenhamos que a comida do restaurante do hotel é de boa qualidade. Mas as desculpas que sempre prevalecem é a de que devemos aproveitar cada momento em cada situação e que em casa nunca tem tanta variedade de sabores. Momento de comer, farte-se; momento de dormir, desmaie; momento de caminhar na rua, vislumbre-se; momento de andar na praia, aí sim, a Menina Maluquinha consegue perder seus óculos!

Cena Dois:

Cadê meus óculos!

Vindas do oeste do catarinense o trio de “perdidas na ilha” resolve ir à praia tirar umas fotos a fim de mostrar aos amigos e colegas no retorno da viagem. Fotos do tipo: morram de inveja-me, estive em Canasvieiras! 
Depois de algumas fotos, poses e micos na areia da praia, eis que nossa colega Menina Maluquinha (que usa óculos de lente, mas também queria usar os óculos de sol) nota falta de seus óculos de lente. Ela havia tirado as lentes para fazer poses com os óculos de sol, e quando se dá conta havia perdido seus óculos de lente. Na areia nos arredores, nada do objeto!
-Sumiu meus óculos! Meninas, vocês viram? Cadê meus óculos!!
Ninguém havia visto e não estava com ninguém, nem em lugar algum.
O desespero toma conta da Menina Maluquinha. – Eu não enxergo nada sem eles!
Prontamente nos pusemos a ajudar na procura. As ondas do mar quebravam na praia e nós tentando visualizar alguma coisa quando a maré voltava ao mar. Depois de algumas ondas nos molhando até a cintura, eis que a enxergo os óculos da moça presos na areia. Mas antes que eu pudesse alcançar, veio uma onda e tirou-me o foco. O objeto sumiu diante de mim. Mais uma vez o nervosismo tomou conta de todas. Mais alguns intermináveis minutos eis que a dona do objeto grita: - Achei!!! Não acredito!!!
A Menina Morena mais que prontamente grita: - então pega!!!
Os óculos estavam ali, no raso da praia. Descobrimos que o mar não usa óculos.
Resultado da aventura: duas molhadas até a cintura, chinelos cheios de areia, e muitos risos, tomamos o caminho de volta até o hotel.
Aliviada pelo episódio, restaram comentários impróprios relacionados ao tema do curso e as situações ocorridas naquele início de tarde de novembro em Canasvieiras.  E o curso continua...

Denize Maria








quarta-feira, 5 de novembro de 2014

FLORES ROUBADAS NA MADRUGADA



Era madrugada de novembro
E eu saí para colher flores.
A cidade coberta de névoa
Encobria a luminosidade da lua
Ofuscava minha sombra nas calçadas
E abafava meus passos na areia
Entre as nuvens de meus sonhos.
Flores perdiam-se entre ramos
Que despendiam por entre murros e cercas,
E eu ávida e confusa buscava os perfumes
Inalando o sereno noturno impregnado de fantasias.
Minhas mãos buscavam as texturas e as sedas das pétalas e folhas
Enroscando e demorando-se entre as ramagens
Que envolviam-me na brisa fresca e acolhedora
Num emaranhado de toques e quereres.
De minha alma brotaram ímpetos de demência dócil
Em mar de ondas revoltas que invade todo meu corpo
Lancei nestas águas meu barco sem rumo,
E junto com as estrelas guias
Que espiavam minha insanidade...
Sonhei!



Denize Maria

terça-feira, 4 de novembro de 2014

O MAR E O HOMEM



Feliz do mar que abriu suas águas
Para receber o corpo endeusado do homem
Que despido de todos os pudores e vestido de sensualidades
Seduz-me em seus movimentos
O andar quase coreografado
A involuntária trajetória da mão escorregando pelo cabelo molhado
As marcas deixadas na areia pelo caminhar lascivo
Postura mítica, quase miragem,
O olhar em convite
E a boca em promessa
Fazem-me pecar
Fazem-me pecar e cantar-te em versos...
E o homem brinca com minhas sensações...
Sai do mar o semideus grego palpável
Gotas de água do mar
Escorrem pelo busto sarado
Iluminados pelo sol que as fazem brilhar,
Por onde escorregam  deixam rastros de desejos
Devassos,
Controversos,
Em versos.

Denize Maria


terça-feira, 28 de outubro de 2014

SÚPLICA



Senhor,
Sou uma jovem senhora que vem rogar-lhe súplicas.
Já não suporto tamanho abandono, descaso e desprezo,
Minha pele de ébano apresenta sulcos profundos e imperfeições que me causam embaraço,
Fazendo sentir-me velha em plena juventude,
Uma velha em decomposição ainda que em sobrevida.
Sinto o abandono e o descaso ferir-me a alma,
Portanto, venho suplicar Senhor.
Rogo-lhe um tratamento adequado,
Pois, já são tantos remendos que já não me reconheço em minha identidade.
Que me seja permitida Senhor,
Uma nova manta asfáltica capaz de suportar a intensidade do tráfego;
Sinalizações adequadas capazes de proporcionar segurança;
Trevos e acessos com visibilidade;
Acostamentos preservados e conservados para maior garantia.
Senhor,
Já não suporto mais sentir minha pele sendo esfolada pelas bruscas freadas de pneus;
Já não suporto mais ouvir soluços e choros de pais e mães que perderam seus filhos em acidentes,
Pois é triste sentir as lágrimas frias escorrerem sobre minha pele,
Elas ardem profundamente, coroem  e  ferem o meu íntimo;
Já não suporto mais ouvir o barulho das ferragens se retorcendo e estilhaços de vidro tinindo;
Já não suporto mais ouvir sirenes afoitas, vindo ao encontro da dor;
Já não suporto mais carregar cruzes em meus entornos. Elas me ferem impiedosamente num sentimento de culpa e responsabilidade.
Senhor, minha voz é muda e silenciosa, como posso defender-me?
Já não cabe mais em mim promessas, discursos bem elaborados e ilusões.
Vidas estão em movimento, em risco constante.
Prejuízos materiais somam-se aos físicos... Vidas que não voltam mais,
Vidas que num de repente perdem sua identidade e viram mais uma cruz anônima na beira da estrada.
Eu, aqui, nessa solidão tumultuada venho pedir-lhe Senhor,
Deite sobre os responsáveis pela minha vida, mais responsabilidade e dinamismo.
Eu preciso com urgência de alguém que tenha piedade de mim e de quem de mim depende.
Preciso juntar minha voz às milhares de vozes que diariamente ouço rogando por ti diante das dificuldades.
É meu grito de socorro que vem ao encontro de ti Senhor, antes que...


Denize Maria

sábado, 16 de agosto de 2014

OFERENDA AO MAR

Olhando assim,
Bem de frente,
O encantamento foi inevitável.
Quando ganhou a forma em meus vastos pensamentos
O mar se transformou em humano.
Sinuosos contornos de um homem maduro e gentil
Vieram até mim em forma de ondas
Coroadas com auras de espuma branca.
E inteiramente alforriado veio enlaçar-me,
Molhar meus pés,
Enfeitiçar meu olhar
E roubar minha alma.
Ah, o mar!
Revolto em seus instintos
Sereno em seu dançar
Sedutor em suas atitudes.
Ah, o mar... Como não amar?


Denize Maria

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

COMO É BELO O MAR!

Como é belo o mar,
Quando vem quebrar em meus sonhos.
Como é belo o mar e seu cantar,
Quando vem embalar minha poesia.
Como é belo o mar,
Quando toca a alma com sua grandeza infinita.
Como é belo o mar,
Quando leva consigo meus dissabores.
Como é belo o mar,
Quando se abre alegoricamente diante de meus olhos.
Como é belo o mar,
Quando vem brincar com meus pés alados.
Como é belo o mar,
Quando vem ousado abraçar meu corpo.
Como é belo o mar,
Quando vem despertar sinestesias e arrepios.
Como é belo o mar,
Que brinca de esconder segredos e mistérios.
Como é belo o mar,
Quando vem afagar furtivamente  minha pele.
Como é belo o mar de teus olhos!
E eu aqui,
Sentada na areia do tempo a contemplar.
Como é belo o amar do mar.


Denize Maria

quarta-feira, 30 de abril de 2014

SINTOMAS DE SAUDADES



No horizonte contornos curvilíneos se aproximam
Aguardam-me ao amanhecer em forma de poesia.
Escuras as sombras das formações montanhosas
Vão ganhando nuances de cores sombreando nuvens.

O vento matinal vem balançar meus pensamentos
Segredar meus desejos ao nascer do sol além
Que já desponta luxuosamente dourado
Abençoando  meu despertar do dia  .

Vou compondo mentalmente em transe
Rimas de uma saudade transbordante
Anseia  embevecido meu coração encarcerado
Enquanto as imagens vão ficando para trás.

Árvores, pedras, estrada se confundem  rapidamente
E se perdem, se camuflam  vão ficando num passado recente
Vão-se beijos e abraços que ficaram nos lençóis quentes
Restam sintomas de saudades latentes disfarçadas em suspiros.

O relógio marca o tempo no compasso  mergulhando o dia
A estrada vai ficando para trás numa curva qualquer
Corre cerca, nuvem, encruzilhada, automóvel...
Ponteiros, rimas, acelerador e saudades se misturam no tempo.


Sem espaço para a saudade feiticeira
Ganha o mundo a danada sem limites
Volta à noite já trazendo novidades
Em um poema carregado de existências.

Denize Maria


terça-feira, 29 de abril de 2014

BAILAR DE ÉBRIOS



Contornei a tua boca com a minha
E meu corpo inteiro perdeu a linha!

Contornei com a minha, a tua mão,
Disparou subitamente meu coração!

Contornei teus olhos com o meu olhar,
Nada mais conseguiu me segurar.

Contornei teu sorriso com minha malícia,
Respondeu-me com um gesto de carícia.

Contornei teu peito em brasa, com o meu,
E você nem se lembra do que me prometeu...

Contornei com meus pensamentos as tuas curvas
Ficou cravadas na pele a marca de minhas unhas.

Contornei a tua nuca com meu polegar
E você jurou sempre me amar.

Contornei cada traço, cada curva, cada pedaço,
E de recompensa ganhei um forte abraço.

Contornei teu pescoço com meus braços
E me conduziste numa dança pelo espaço.

Contornei o teu sonho de menino
Quis assim que se cruzassem nossos destinos.


Denize Maria.

domingo, 27 de abril de 2014

MANHÃ DE DOMINGO AO SABOR DE TEU OLHAR


O mar que dança em teus olhos
Faz meus desejos afogar
Contagia, é inebriante...
Perder-me nesse doce olhar.

A brisa que tua presença emana
Faz minha pele arrepiar
Como se fosse o espelho d’água
Quando se deixa acariciar.

Não há nada neste mundo
Que possa em versos traduzir
Tamanha perspicácia
Que teus olhos tem de me seduzir.

Tento em vão como poeta
Falar vagamente desse profundo mar
Que guarda consigo, em segredo
O encanto de tanto amar.


Denize Maria.

sábado, 26 de abril de 2014

BEIJO MATINAL



Tua boca na direção da minha
É sinal de perdição
É completa perda de tempo
Tentar encontrar uma solução.

Mentalmente já vou desenhando
Tua boca tocando a minha
De olhos fechados  sinto o encaixe
E a maneira gostosa de como se aninha.

Tortura que dura intensos segundos
Mas que compensa no final
É o toque mais delicado
Não tem nada de banal.

Tenho sede de teus lábios
Eles me trazem  da vida a doçura
São a fonte dos desejos
Que dissipa qualquer amargura.

Trazem consigo o doce aroma
Que o mais puro amor exala
Faz disparar o coração apaixonado
E supérfluas palavras cala.

Denize Maria.

segunda-feira, 21 de abril de 2014

SENSUAL



 Sensual
É derramar sobre os lençóis
Pétalas perfumadas
Colhidas na madrugada
Ainda borrifadas de orvalho.

Sensual
É andar por extensas avenidas
Iluminadas pelo teu olhar
Holofote para noites sem luar
Noites dominadas pelas trevas.

Sensual
É amanhecer sobre as dunas
Do teu corpo em frenesi
E buscar a liberdade com ânsia
E poder sentir a brisa te devassar.

Sensual
É beber do mel que escorre dos teus lábios
Sabor indescritível de sedução
Aroma não encontrado nos mais finos frascos
Unguento para qualquer mal e dor.

Sensual
É o flerte ousado na multidão
É o ir ao encontro de olhares ávidos
Na insistente busca de encontrar o teu
E saciar todas as dúvidas e desejos.

Sensual
É sentir a água morna escorrer pelo corpo
E poder brincar inocentemente de amor
E entregar-se a mil sensações atrevidas
Como se te possuíssem por alguns instantes.

Sensual
É o mistério que envolve o teu sorriso
Feito onda que foge apressada da areia
Ou talvez o enigma de uma teia
De causa-efeito sempre arrasador.

Sensual
É tua voz rouca, às vezes embargada
Que me diz lisonjas com palavras impolutas
Que ecoam suaves e profundas nas grutas
Ocultas de meus pensamentos atrevidos.


Denize Maria.

sexta-feira, 21 de março de 2014

AO SABOR DAS UVAS



Foi o sabor das uvas maduras que a trouxe até mim. Já se passou muito tempo.  Alguns verões fartos de sabores, outonos sem cor, invernos frios e primaveras coloridas sucederam-se naturalmente e a vida foi ditando seu ritmo. Criamos um elo de amizade desde o primeiro encontro ocasional. Cuidamos dessa amizade como quem cuida de um jardim. As borboletas vieram sem pedir permissão e enfeitaram com seu colorido e sensibilidade o que já era naturalmente belo. Nossa amizade foi criando raízes cada vez mais profundas. Passamos por momentos de dificuldades, de dor, de angústia, de incertezas. Era como se nosso jardim estivesse passando por uma estiagem. Sabe, quando a gente olha para uma planta judiada pela falta de água? Nem imaginamos quanto isso a faz sofrer. Assim somos também.  Mas quem tem raízes fortes e chão fértil, sabe que mesmo na dor, vai encontrar forças para suportar e dar a volta por cima. Às vezes precisamos podar alguns galhos que secam, ou que deixam de produzir frutos bons, mas isso faz parte do aprendizado.
                Tudo isso para dizer que conheci minha amiga Denise (coincidência até no nome) por acaso do destino. Ela e o marido estavam à procura de produtores de uva para comercializar em Bauru, SP. Vieram até a propriedade de meu marido (na época nem éramos casados ainda), e a partir dali iniciaram a comercialização de uvas e uma grande amizade entre as duas famílias. Dessa forma perdurou até mais ou menos seis anos atrás quando uma fatalidade tirou a vida do patriarca da família: O Pedrão. Descendente de portugueses, comerciante, honesto, correto, trabalhador. Morreu trabalhando. Era o que sabia fazer.
Mas retomemos.  A vida não pode parar. Ela não dá essa alternativa. Nem mesmo nós a queremos. Nós precisamos seguir em frente. Afinal, cada um tem um caminho a percorrer que por vezes se cruza com outro, que se funde, se completa, mas que de repente, ele volta a ser só nosso e nos vemos novamente sozinhos nele. Minha amiga precisou passar por esse processo doloroso. Agora ela segue seu caminho mais confiante, pois compreendeu que nunca estará sozinha.
Mas e as uvas??? Ah, as uvas. Elas são cumplices de tantas histórias.  Elas trouxeram até mim uma pessoa que se tornaria muito importante, uma amiga sem nível quantitativo ou qualitativo, um exemplo de luta e superação, de alegria, de coragem, de caráter. Lembro-me das vezes em que sentávamos debaixo dos parreirais, só nós duas, para conversar, segredar, fofocar. Lavar a alma. Desta vez em que me visitou não pudemos cumprir com nosso ritual de sentar debaixo dos parreirais. Da próxima vez quem sabe.
Mas Deus sabe como cada pessoa deve surgir em nossas vidas e não é por acaso não. Nesta última visita, minha amiga veio cuidar de mim.  Veio para me dar força. E como me ajudou. Sou muito grata. Denise, você não é só uma amiga, você é um anjo (travesso, mas prefiro assim, porque não levaria jeito com anjo muito certinho). Obrigado por ter deixado os meus dias mais coloridos.


Denize Maria

quinta-feira, 20 de março de 2014

A TERAPIA DO RISO


                O espaço de tempo entre o estar de pé e o cair é muito breve e só nos damos conta quando passamos de um estágio para outro rapidamente, quase instantaneamente.
Comigo foi mais ou menos assim, mas não convém falar aqui das minhas dores e consequências, mas sim do tempo. O tempo que passo praticamente ociosa, não que assim eu queira, mas por força... De quê mesmo??  Bom, pensando bem, estou sendo forçada a ficar praticamente imóvel por causa de um babaloo que estourou. Verdade!
Eu explico:  Diagnosticada com hérnia de disco extrusa, e devido a ela ( uma hérnia de respeito!), as dores quase insuportáveis e retenção muscular, me impossibilitam de caminhar. Recomendada pelo médico, repouso, fisioterapia e medicação. Não necessariamente nessa ordem, mas todas. Acrescentei por sugestão a acupuntura. Amei.  Mas voltemos ao início. Procurei pela fisioterapeuta que já cuida de minha filha e expliquei o problema. Ela prontamente me disse: Venha, vamos ver o que podemos fazer. No primeiro atendimento fui à clínica. Quer dizer, minha amiga Denise Domingues me levou (Essa é outra que vale uma vida pela amizade).  A fisioterapeuta me avaliou, conversou e me explicou que a hérnia parece com um babaloo. No meu caso, um babaloo estourado com o recheio vazado. Rimos. Só esqueci de perguntar se tem sabor esse recheio. Mas pensando bem... Melhor não. Na segunda sessão ela precisou vir até minha casa, pois minha locomoção havia piorado. Entre um exercício e outro sempre uma boa risada e um novo conceito sobre qualquer assunto. Filosofias então... A gente se diverte muito. Foi nesse dia que ela me sugeriu uma amiga que faz acupuntura. Vamos tentar? Disse ela. Tentamos. Na segunda feira ela aparece com a amiga acupunturista. Muito centrada e profissional a amiga iniciou com os procedimentos. Eu estava deitada na minha cama, e logo a fisioterapeuta muito espontânea, deitou do meu lado e começou a fazer suas intervenções, palpitando daqui e dali, perguntando, filosofando... Do outro lado da cama, minha mãe que estava me visitando. Conversa vai, conversa vem, descobrimos que a menina das agulhas era filha de uma conhecida de minha mãe na época de juventude, numa comunidade do interior de Ibiam. Coincidências ou não, eu estava toda cheia de agulhas enquanto a conversa rolava solta, os risos ecoavam no quarto e as filosofias brotavam como água em cachoeira.  A Jô (fisioterapeuta) inclusive se prontificou em fazer em mim um procedimento de emergência devido a um problema subsequente ao principal. Procedimento esse que foge um pouco dos atributos de um fisioterapeuta e que não convém comentar aqui. Acredito que ela deve ter se arrependido de ter falado, mas como ela fala tudo o que pensa... E sempre cumpre e assume com o que fala... Sei que se eu precisar ela será solícita em me ajudar. Mas pode ficar sossegada Jô, depois do que aconteceu hoje cedo, acredito que não precisará empenhar sua palavra! ( risos).
Ontem voltei à clínica e estavam as duas: a Jô e a Keila (acupunturista) a me esperarem. Rimos muito, fizemos todos os exercícios, e ambas se mostraram muito preocupadas com minha recuperação.  Ontem então nos superamos nas filosofias e conceitos (alguns de poucos proveitos), mas todos verdadeiros e puros. Falamos de poesia e amor. Falamos de dor. De filhos. De fé. De oração. De Marias.
A vida nos dá oportunidades às vezes um tanto tortas para que possamos conhecer pessoas mais profundamente. Às vezes para nos conhecermos a nós mesmos mais profundamente.

Denize Maria.


quarta-feira, 19 de março de 2014

HORIZONTES



O horizonte se fazia segredo, desafiador,
Mas meus pés afoitos sob o comando da mente
Desvendavam cada passo, cada pedra, cada espinho
E iam construindo  o caminho, a trilha, os atalhos;
Levando-me ao encontro do meu destino
Além dos horizontes desenhados no papel
Pintado de por de sol
Contornado de montanhas
Enegrecido pelas sombras da noite.
Feito águia sedenta
Em busca de pouso
Um instante de repouso
No topo da pedra fria
Recarrego as energias
Parto para outros voos
Descortinam-se diante meus olhos
Horizontes que só eu vejo e sinto.
Serão meus. Eu os conquistarei.

Denize Maria.


sexta-feira, 7 de março de 2014

VIDA QUE CORRE SOLTA

A vida corre solta
Pula cerca, pula muro,
Desce rio e cachoeira,
Sobre montanhas, desce montanhas,
Ganha o campo, colhe flores,
Sorve o mel, voa com as borboletas,
Viaja contra o vento ou pega carona com ele.
Banha-se de lua, encanta-se com as estrelas,
Sorve o sol da manhã, encanta-se com o seu partir,
Pega carona na poesia e deixa-se levar.
Vida que corre solta,
Ganha o sol da manhãzinha,
A lua pra fazer um carinho,
As estrelas pra conversar de mansinho,
A chuva para brincar com alegria ingênua.
Às vezes se perde nos labirintos
Mas se encontra no espelho de um olhar
Aconchega suas dores num abraço
Perpetua num beijo seu destino.
Vida que corre solta, liberdade,
Enquanto o mundo gira, liberdade,
Encontra um amor, completude.
Vidas que correm juntas, liberdade,
Pulam cercas, pulam murros,
Descem rios e cachoeiras...
Juntos.



Denize Maria.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

TORMENTA



Ouço o estrondo dos trovões
Raios de luz cortam a negritude do céu
Refugiaram-se as estrelas por detrás das densas nuvens
A lua bisbilhoteira ora surge, ora se esconde
Parece que fica a espiar lá de longe
O vento açoita sem piedade
Posso ouvir a nervosa sinfonia de violinos
Que circundam o vale e ganham as montanhas
Fazendo as árvores curvarem-se num bailado coreografado
Sapos fazem algazarra como quem saúda uma visita
A coruja pia ao longe, refugiada numa árvore qualquer
Algumas aves noturnas parecem desorientadas
Voam em círculos freneticamente –  compreendo-as.
A cortina balança agitada acenando que a tempestade se aproxima
Os primeiros pingos de chuva me encontram inerte na janela
E ali permaneço por alguns instantes.
Meu desejo era aventurar-me na chuva
Deixar a chuva lavar minha alma, encharcar-me
Tirar os desprazeres e as incertezas
Livrar-se das coisas negativas que perturbam...
É preciso recolher-se
A chuva ganhou intensidade
E a prudência conduziu-me ao aconchego...
Deixei a tempestade do lado de fora
Ouvi-la aquieta o poeta.

Denize Maria.






NUANCES E SUTILEZAS



Rendo-me aos teus caprichos profanos
À sedução que desconhece limites e conveniências
Mas reconhece na alma a essência
E fazem despertar na loucura lúcida
Prazeres despidos de pudores e tabus.

Rendo-me aos teus beijos que brotam
Com a volúpia dos pensamentos em devaneios
Declamo poesias ao teu ouvido em sussurro.
E despidos de vestes e máscaras
Amar-te ao amanhecer por inteiro.

Rendo-me à musica que toca em teu olhar
Convido-o para comigo dançar sob o encanto do luar
Embriagados pelo prazer que exala como perfume de flor
Já não importa se chove ou faz sol, frio ou calor
Em teu corpo encontro o exílio e a liberdade que busco.

Rendo-me aos mistérios da sedução
Que me cativa, fascina e seduz
Que me eleva em devaneios insanos
Ao encontro de ti pura perdição ganhar asas
E provar do veneno de teu encanto.

Rendo-me à sede de beber de tua boca
Sem pedir licença entrar em tua vida
Despertar emoções adormecidas, perverter.
Fazer-te suspirar ensandecido de prazer
Reascender a chama da paixão adolescente.  

Rendo-me aos pecados que teu corpo me oferece
Já não há mais como resistir aos encantos
Tua voz é um açoite que faz meu corpo arrepiar
Teu sorriso é poço profundo que atenta a me arremessar
Teus braços são um convite ao deleite
Então vem... Vem comigo dançar...


Denize Maria.












quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

PERMITA-ME



Não faça segredo de teus braços
Quando eu vier lhe procurar
Deixe-me aconchegar ao seu peito
E sentir teu coração pulsar.

Permita que eu toque teus lábios
Quero sentir a maciez e o calor de tua boca
Deixe-me possuir com suavidade inocente
O que certamente me deixa louca.

Consinta que eu sinta o teu perfume
Aquele que exala de tua pele tropical
Deixe-me ser invadida pelo cheiro
Que desperta  em mim a mulher sensual.

Permita que eu aprecie as estrelas
Que em teu olhar brilham sem cessar
Elas têm poder de despir minha alma
E me dar asas para poder voar.

Não faça segredo do teu corpo poesia
Quero-o inteiro, versos, rimas e paixão
E assim compor juntos uma  história de amor
N uma tarde quente de verão.


Denize Maria.

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

ENCRUZILHADA



Em algum lugar
Um sonho vaidoso
Encontra uma realidade ponderada (prudente)
Repousando sob a sombra da comodidade.
Com astúcia,
O sonho forasteiro
Tenta persuadi-la...
Usa de artimanhas
Ousa seduzi-la...
A realidade precavida,
 Refugia-se dentro de si mesma
Rebela-se... Impõe barreiras
Luta.
Exaurida, rende-se enfim.
Invadida por uma inquietude inexplicável
Deixa-se envolver em sua completude...
Guiada por olhos de intensa magia
Preenche o mesmo caminho vasto
De todo cotidiano banal
Com flores e estrelas...
...andava ao lado do amor sem medidas...


Denize Maria.

domingo, 26 de janeiro de 2014

TRAGA-ME, POR FAVOR...



Traga-me, por favor,
A estrela cadente que me prometeste
Aquela flor perfumada  ainda chorada de orvalho
E um beijo quente e ousado... Demorado.

Traga-me, por favor,
A lua cheia, boêmia das madrugadas
A chuva de verão que me molha por inteira
E teu olhar sedutor e misterioso... Gostoso.

Traga-me, por favor,
O sol de janeiro para me aquecer
O imenso mar para me refrescar
E seus braços para me envolver... Entorpecer.

Traga-me, por favor,
O vento manso para me dar asas
A relva e a sombra aconchegante
E o teu sorriso para me cativar... Enamorar.

Traga-me, por favor,
O por do sol para juntos apreciar
As areias brancas para me deitar
E teu corpo ardente para me amar... Desejar.

Traga-me, por favor,
Os teus mais belos versos de amor
Com todos os odores, cores e sabores
De rimas perfeitas como se fossem carícias... Delícias.


Denize Maria.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

SORRIA-ME OS OLHOS TEUS



Sorria-me os olhos teus
Enquanto chorava a natureza
Pareciam duas estrelas faiscantes
Que me enchiam com sua beleza.

Prometiam-me mil delícias
Bastava que eu seguisse o brilho
Deixasse-me conduzir por suas mãos
E soltasse minhas amarras do chão.

Dormiam os anjos quando pisei no paraíso
Senti que os medos haviam evadido
Despi-me das vestes e adornei-me de luz
A lua encontrou dois corpos nus.

Não havia promessas nem planos
Eram apenas duas almas que se encontravam
Enamorados pela alegria de viver
Ávidos para desta fonte beber.

Sorria-me os teus olhos
Que me enchiam com sua beleza
Prometiam-me mil delícias
Se soltasse minhas amarras do chão.


Dormiam os anjos quando pisei no paraíso
E a lua encontrou dois corpos nus
Não havia promessas nem planos
Para ávidos  desta fonte beber.

Sorria-me os olhos teus...


Denize Maria.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

SUTILEZAS



Feito luz que veio tocar meu coração
Acender estrelas dentro de mim
Você chegou de mansinho
E veio me fazer um carinho.

Trouxeste um pedaço de um fim de tarde
Colorido de ouro e carmim
Trouxeste nos olhos um restinho de oceano
E a promessa de um amor insano.

Passeei nas dunas quentes de teu corpo
Sem tempo, sem espaço, sem pressa...
Colhendo de tua boca o meu pecado
Fazendo-me adormecer em teu corpo colado.

Ficaria a noite toda, a vida toda perdida em teus braços
Assistiria junto de ti o despertar do dia
Sentiria na boca o gosto de café
E  adormeceria com o carinho de um cafuné.

Voaria contigo por poemas sem rimas
Só para sentir a brisa tocar meu rosto
Colheria estrelas para teu quarto adornar
Seria tua musa e te faria sonhar.


Denize Maria

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

TEMPO




Dá-me um minuto de teu sorriso
Para nele mergulhar
Até as profundezas do desconhecido...
Aventureiro esse teu sorriso maroto
Que alivia as mesmices do cotidiano.

Dá-me um minuto de teus lábios
Para poder saciar os meus;
Poder parar o tempo no momento
Em que meus lábios tocam os teus
E deixam cair argumentos mascarados.

Dá-me um minuto de teu olhar
- Cachoeira de luz -
Que banha a escuridão
Espalhando ondas de delírio
Sobre meu corpo em latência secreta.

Dá-me por um minuto tuas mãos
E as farei conhecer novos caminhos
Para se unirem às minhas...
Correr pelas searas, rasgando os trigais
Que se deitam ao sabor do vento.

Dá-me um minuto de teus sonhos...
Que então te levarei comigo
A vagar pelos campos da fantasia,
Mostrar-te-ei como é suave
O galopar dos cavalos alados.

Dá-me um minuto
De tua vida, de tua alma,
Então eu, com a magia do amor,
Transformarei o efêmero em eterno.


Denize Maria.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

ETERNA MENINICE



Queria eu poder brincar com tua meninice temporã
Espantar compromissos amadurecidos
E me entregar ao mágico fascínio
Que nasce forasteiro de teus olhos de avelã.

Brincar com teu olhar matreiro
Com tua cortesia poética
Poder acordar o sol que dentro de ti reside
E ficar de bobeira sem compromisso com os ponteiros.

Provar do doce beijo desejado
Com gostinho de fresca romã
Lábios abrasadores e sôfregos de querer
Ansiosos pelo encontro marcado.

Escorrer minhas digitais na pele quente
Amorenada pelo sol de verão
Sentir o perfume exalando pelos poros
E me entorpecer do nascer do sol ao poente

Percorrer caminhos curvos e sensuais
Desvendar segredos cobiçados
Dissipar os medos e as formalidades
Deixar aflorar intensamente desejos divinais.

Esquecer-se das horas do infinito tempo
Perder-se no momento que o relógio marca
Transformar teu sorriso em verso perfeito
Aconchegar-me a ti e sentir acalento.

Denize Maria.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

MADRUGADA


Abraços quentes
Apertados, envolventes
Olhares misteriosos
Despertando corpos fogosos
Peles perfumadas
Almas enfeitadas
A cada beijo
Ressuscitam desejos
Feito adolescente
A te curtir loucamente
Meu homem menino
Doce e místico felino
Vem brincar nas chamas
Levar-me pra cama
A lua sorrateira espia
Na madrugada fria
Silhuetas que se fundem
E sombras que se confundem.

Denize Maria.

domingo, 5 de janeiro de 2014

MOLECA ARTEIRA



Eu moleca arteira
Furtei um doce
Que tua boca trouxe
E me deixou faceira.

Roubei outros beijos quentes
Em papel de seda envoltos
Loucura emergente
Exílio de meus desejos revoltos.

Ao descobrir teus lábios
Me descobri  menina
Onde o tempo não passa
E nada vira rotina.

Ao descobrir teus braços
Mulher me descobri
E no aconchego quente
A realidade do tempo perdi.

Tua pele quando toquei
Felina me descobri
Fechei os olhos, sonhei,
Tudo ao meu redor colori.

Denize Maria

sábado, 4 de janeiro de 2014

PRONTAMENTE



Traga-me água que verte de teus olhos.
Preciso saciar minha sede
Que teima em consumir minhas entranhas.

Traga-me a brisa.
Preciso acalmar meu corpo
Fazer sossegar meu peito
Que compulsivo bate arfante
Numa ansiedade virgem de flor botão.

Traga-me o mel adocicado.
Preciso com urgência de tua boca quente
De beijos doces e pagãos
Fazendo pecar inteiro o meu corpo
Como adolescente apaixonada por um amor primeiro.

Traga-me as estrelas
De brilho intenso e encantador.
Deixe-as passear pelos olhos meus
Permita-me enamorar fortuitamente
E querer-te meu o tempo inteiro.

Denize Maria.

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

NA NOITE CHUVOSA DE JANEIRO

Na noite chuvosa de janeiro
Quando todas as luzes se apagam
E o sertão fica em total escuridão
Alguns  vagalumes solitários cintilam
Piscando aqui e ali entre as árvores
Brincando com nosso olhar curioso.
Enquanto aprecio o barulho da chuva
Caindo de mansinho, cantando baixinho
Me debruço sobre o peitoril da janela
E sobre minhas interrogações febris...
Brincando com a goteira que se forma
Deixo escorrer a água gelada por entre os dedos
Como quem quer adiar os desafios, parar o tempo...
Que pulsar é esse que vive de me atormentar?
Seria o despertar de um novo dia?
Seria o encontro do mar e a lua?
Seria o encanto assustador de um vulcão em erupção?
Seria a resposta incerta de uma certeza?
Seriam os medos e os desejos brincando de esconder?
Seria o poeta desvendando as entrelinhas?
A noite sem estrelas parece não ter vida
Uma imensidão vazia de nada,
Mas posso visualizá-las longínquas na escuridão
A observar o mesmo céu choroso.
Olhares estrelados se cruzam na imensidão das palavras
Os desejos se completam na grandeza dos pequenos versos
E nas reticencias permanece o camuflado querer ...
Na noite chuvosa de janeiro
Corpos sedentos se afogam em prazer.

Denize Maria.