Pela porta entreaberta vejo a vida que passa mansa
Numa tarde encabulada de sábado.
Percebo nuvens acinzentadas na lassidão de mover-se
Num céu de fundo esbranquiçado e fosco.
Algumas aves aventuram-se em voos despreocupados
Um e outro trinar ou assobio de algum pássaro aqui e ali
Que se escondem entre o verde das ramagens ou passeiam pelo
gramado.
O vento balança como quem acaricia as folhas recém-brotadas
Das árvores do jardim com ares de primavera.
A superfície do lago em movimento contínuo e lento
Por vezes é quebrado pelo arrombo de um peixe que parece
exibir-se
Para uma plateia que não existe
Apenas para quebrar a monotonia da superfície espelhada.
Ao longe, linhas curvilíneas desenham o formato das
montanhas,
Contornos verdes de vários tons que se mesclam e se completam
Parecem tocar o céu ou seria o céu que as afagaria?
Será que posso tocar as nuvens se eu chegasse lá
Nas alturas daquelas montanhas?
O sol que hoje quer se fazer segredo
Parece espiar bem de longe apenas para vigiar
Como quem anda encabulado por algo que fez.
Será que o sol está triste porque a chuva não está dando
muita trégua?
Parece brincar de luz e sombra
E mais uma vez se refugia
Porque os primeiros pingos de chuva principiam.
Denize Maria.
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