'' Falar sem aspas,amar sem interrogação, sonhas com reticências,viver sem ponto final.'' Charles Chaplin

terça-feira, 25 de junho de 2013

MÃOS VAZIAS




           Saudades de tua fragrância silvestre
Fizeram-me fartas mãos afoitadas...
desfolharam roseiras e jasmineiros
Para colher nuas pétalas perfumadas.
...Mas, uma a uma, perderam-se no caminho
E o vento as varreu para muito longe.

Saudades do brilho de teu olhar
Fizeram-me fartas mãos inquietas...
Furtaram estrelas cintilantes
Diamantes presos no manto negro do céu.
...Mas a noite foi se desfazendo
E o sol ofuscou todas as estrelas.

Saudades de tua pele alva e quente
Fizeram-me fartas mãos ansiosas...
Encheram-se de areia branca das dunas
Que os ventos não se cansam de esculpir.
...Mas a ansiedade me fez estreitar as mãos
E a areia escorreu por entre os dedos.

Saudades de tuas lágrimas de despedida
Fizeram-me fartas mãos carentes
Que se moldaram em concha
Para colher os pingos da chuva.
          ...Mas as águas poucas se esvaíram
Restando-me apenas tíbias lembranças.

Saudades de nosso louco amor que não morre...
Tenho somente mãos vazias para te ofertar,
Mas neste instante juntam-se às tuas, e me completo
Para visitarmos juntos os jardins das provocações
Para contemplarmos, atônitos, o nosso céu estrelado
Para brindarmos à vida, dançando na chuva

Para fazermos amor nas dunas, morrendo de saudades.

Denize Maria.

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