Fizeram-me fartas mãos
afoitadas...
desfolharam roseiras e jasmineiros
Para colher nuas pétalas
perfumadas.
...Mas, uma a uma,
perderam-se no caminho
E o vento as varreu para
muito longe.
Saudades do brilho de teu
olhar
Fizeram-me fartas mãos
inquietas...
Furtaram estrelas
cintilantes
Diamantes presos no manto
negro do céu.
...Mas a noite foi se
desfazendo
E o sol ofuscou todas as
estrelas.
Saudades de tua pele alva
e quente
Fizeram-me fartas mãos
ansiosas...
Encheram-se de areia branca das dunas
Que os ventos não se
cansam de esculpir.
...Mas a ansiedade me fez
estreitar as mãos
E a areia escorreu por
entre os dedos.
Saudades de tuas lágrimas
de despedida
Fizeram-me fartas mãos
carentes
Que se moldaram em concha
Para colher os pingos da
chuva.
...Mas as águas poucas se esvaíram
Restando-me apenas tíbias
lembranças.
Saudades de nosso louco
amor que não morre...
Tenho somente mãos vazias
para te ofertar,
Mas neste instante
juntam-se às tuas, e me completo
Para visitarmos juntos os
jardins das provocações
Para contemplarmos,
atônitos, o nosso céu estrelado
Para brindarmos à vida,
dançando na chuva
Para fazermos amor nas
dunas, morrendo de saudades.
Denize Maria.
Nenhum comentário:
Postar um comentário