'' Falar sem aspas,amar sem interrogação, sonhas com reticências,viver sem ponto final.'' Charles Chaplin

sábado, 1 de junho de 2013

TRAVESSIA

No deserto profano que atravesso
Numa caravana que vagueia difusa
Com tendas feitas de sonhos e ilusões
Contemplo teus olhos – miragem confusa.

Na boca ávida, a sede de ti me consome...
E um grito se perde sem eco no horizonte.
Os rastos que o vento se apressa em apagar
Procuram nuas águas que brotam da fonte.

Perdem-se nas dunas em constante metamorfose
Os gritos surdos e os desejos mais ocultos.
O mesmo sol que aquece o dia incendeia corpos
Que se camuflam na noite como insones vultos.

Palavras, tantas palavras ditas e escritas ao léu!
Cirandas de versos – olhares afoitos e enigmas
Que o vento tratou de varrê-los para bem longe...
Razão sem sentido, sem regras, sem paradigmas.

Certezas, feito ventos impacientes e constantes
Desejos, feito areias que escorrem pelos dedos...
A travessia chega ao fim sem encontrar o teu oásis:
Sem um trajeto demarcado esbarro nos meus medos.

Denize Maria.


Nenhum comentário:

Postar um comentário