'' Falar sem aspas,amar sem interrogação, sonhas com reticências,viver sem ponto final.'' Charles Chaplin

quinta-feira, 6 de junho de 2013

AMOR VAGABUNDO

Sonhei que tinha um amor vagabundo
Desses que vivem de vento pelos becos do mundo...
Andava sem rumo, sem ter conluio com o tempo.
Abandonei então a rotina cotidiana para viver esse momento:
Podia andar descalça na areia e deixar meu rasto
Sob o luar prateado, para brindar esse amor ainda casto.
Podia andar sem perigo na contramão do mundo
Para viver um pouco mais esse louco amor vagabundo.
Quebrei todas as regras, e fui chamada de imprudente
Por viver um amor vadio descompromissadamente.
Amor de dançar noites, madrugadas, e dormir distraída
Sob as estrelas cadentes fazer amor
E esperar o dia amanhecer com seu sorriso quente.
Brincar na chuva, farrear, bêbada, no lodo...
Louca! Certamente seria chamada louca,
Mas a plenitude desse amor jamais poderá ser explicada.

Tenho um amor vagabundo, insano, clandestino
Uma porção homem, outra porção menino,
Uma dose de sedução, outra dose de ingenuidade...
Fusão que confunde, deixa marcas e saudade.
Um amor tão doido que me faz gostar do frio
E que em pleno verão me causa arrepios.
Que me julguem somente os amantes que amam loucamente!
Interrogação nenhuma apaga o esplendor desse amor louco
E pecador, desse amor vagabundo que desfila fantasias
Repleto de sonho-realidade, emoções fortes, felicidade.
Tão intenso e ao mesmo tempo irreal, mas verdadeiro;
Amor que faz perder a razão, tocar os extremos ao tê-lo por inteiro.
Que nos faz colher estrelas, dizer poemas, perfumar as flores,
E provar na pele um misto de desejos e sensuais sabores.
Sou feliz, por furtar da realidade, insanos momentos de felicidade,
Fantasiar um amor vagabundo que sopra aos quatro ventos.
Não me deixou nada muito durável, nem fotografias nem presentes...
Somente a saudade e o halo de um sentimento bom e infindo.
Com o brilho dos olhos, pedras raras, inundou-me de desejos
E com os lábios, pétalas vermelhas, presenteou-me de mil beijos.
Cantou em plangente seresta, velhos e conhecidos refrãos,
Fez graça das desgraças da vida, encheu de luz meu coração:
Um amor vagabundo colorido como uma linda aquarela
Nuances suaves, tons e semitons que a imaginação pincela.
É próprio desse amor sem paradeiro subverter com férreo apego
E se impor – doce instinto traiçoeiro – devasso e sem pudor.
A tela de um sonho caro invade a nave de um templo sagrado
E desenha um rosto terno e perene, as feições desse semblante imaculado.
A noite se desfaz deixando-me a certeza e o fascínio de ter vivido
Um amor vagabundo, puro e louco, real e sem domínio, um amor,
Que foge aos padrões normais, um amor sonho que me faz feliz
Que sinto arder como fogo sem fim, amor que não esquecerei jamais.

Denize Maria

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